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Novembro deve ser marcado por calor e chuvas irregulares na região Sudeste

por Williams Ferreira1 via CaféPoint

Dentro das condições climáticas normais, o período chuvoso para a região Sudeste do Brasil tem início normalmente com a chegada da estação da primavera. Entretanto, com a atual presença do forte fenômeno El Niño, embora o início da estação das chuvas esteja atrasado, no próximo mês deverá chover mais do que em outubro, porém com grande irregularidade. Eventos de chuvas mais intensas, com possibilidade de granizo, principalmente na faixa de latitude entre São Paulo e o Sul de Minas Gerais, poderão ocorrer. Todavia, ainda poderão ocorrer até dezembro, de modo alternado, períodos de uma semana ou mais com tempo bastante quente e seco (veranicos).

El Niño

No final do mês de setembro, o atual fenômeno El Niño chegou ao nível considerado “forte” e deve continuar assim até pelo menos dezembro, quando os modelos climáticos indicam uma tendência de leve mudança no padrão, devendo realmente ocorrer o seu enfraquecimento somente durante o outono do próximo ano. A presença desse fenômeno deve assegurar a atual condição de clima seco e quente para todo Nordeste brasileiro e chuvoso para a região Sul do Brasil.

Chuvas no mês de novembro em Minas Gerais

Novembro, mês em que as chuvas já se fazem presentes principalmente na região Sudeste do Brasil, neste ano ainda deverão ficar abaixo do normal para o mês. O calor deverá continuar e somente na segunda quinzena de novembro é que as chuvas de fato poderão ocorrer com maior frequência. Dezembro por sua vez poderá apresentar chuvas acima da média do mês.

Chuvas nas demais regiões do Brasil

Em todo o estado da Bahia, Tocantins, Goiás, Paraná, Norte catarinense e Mato Grosso há probabilidade de que as chuvas fiquem abaixo da média normal para o mês de novembro. Em todo Rio Grande do Sul e região serrana de Santa Catarina poderão apresentar chuvas acima da média do período em novembro.

Chuvas no trimestre novembro, dezembro e janeiro (2016)

É esperado que o trimestre com início em novembro apresente chuvas acima da média para os três estados do Sul do Brasil, sendo que na região norte Pioneiro, norte Central e no noroeste do Paraná as chuvas poderão ficar pouco acima ou dentro da média ao final desses três meses. Para os estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul as chuvas poderão ficar pouco acima, pouco abaixo ou dentro da média do período. Para os demais estados do Brasil todas as regiões deverão apresentar chuvas abaixo da média nesse trimestre. A região do Triângulo Mineiro e Sul de Minas, sul de Goiás, a região centro sul, sudoeste e sudeste mato-grossense poderão apresentar chuvas pouco abaixo da média ou dentro da normalidade ao final do próximo trimestre.

Temperaturas no próximo trimestre

Há mais de 60% de probabilidade de que as temperaturas no próximo trimestre fiquem acima do normal do período para todo Brasil, com exceção do estado do Rio Grande do Sul que poderá apresentar temperaturas dentro da média normal do período. Todavia, é esperado que ainda durante novembro as temperaturas fiquem um pouco acima da média normal do mês no Rio Grande do Sul.

O café

Os produtores devem estar atentos pois as primeiras chuvas poderão estimular floradas as quais, para os produtores de café de Minas Gerais e São Paulo, de fato poderão garantir os frutos para a safra 2016. Entretanto, embora possam ser consideradas “fortes”, as primeiras chuvas poderão não reverter de imediato o déficit hídrico hoje observado no cinturão do café. Tal fato é devido ao atual bloqueio atmosférico que ocorre na região central do Brasil, fazendo com que somente algumas poucas frentes frias consigam avançar até a região do cinturão do café trazendo a umidade desejada. Entretanto, as chuvas em abundância decorrente das zonas de convergência do Atlântico Sul (ZCAS), comuns principalmente no verão, que começam a se configurar já no final da primavera, ainda deverão levar mais tempo para se formar. Esse sistema que transporta grande volume de umidade a partir da região amazônica é o principal sistema responsável pelas chuvas intensas nas regiões Centro Oeste, Sudeste e na parte da região mais ao sul do Nordeste brasileiro.

A análise e o prognóstico climático aqui apresentados foram elaborados com base na estatística e no histórico da ocorrência de fenômenos climáticos globais, principalmente daqueles atuantes na América do Sul. Foram consideradas ainda as informações disponibilizadas livremente pelo NOAA; Instituto Internacional de Pesquisas sobre Clima e Sociedade — IRI; Met Office Hadley Centre; Centro Europeu de Previsão de Tempo de Médio Prazo — ECMWF; Boletim Climático da Amazônia elaborado pela Divisão de Meteorologia (DIVMET) do Sistema de Proteção da Amazônia (SIPAM) e com base nos dados climáticos disponibilizados pelo INMET/CPTEC-INPE. Pelo fato do prognóstico climático fazer referência a fenômenos da natureza que apresentam características caóticas e são passíveis de mudanças drásticas, a EPAMIG e a Embrapa Café não se responsabilizam por qualquer dano e, ou, prejuízo que o usuário possa sofrer, ou vir a causar a terceiros, pelo uso indevido das informações contidas na presente matéria. Sendo de total responsabilidade do usuário (leitor) o uso das informações aqui disponibilizadas.

1Pesquisador da Embrapa/EPAMIG na área de Agrometeorologia e Climatologia. williams.ferreira@embrapa.br (ou) williams.ferreira@epamig.br

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