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Oscilações dificultam formação de preço no mercado brasileiro

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Oscilações dificultam formação de preço no mercado brasileiro
por Carvalhaes:
As rápidas oscilações do dólar frente ao real e das cotações do café na ICE Futures US em Nova Iorque dificultaram a formação de preço no mercado físico brasileiro e um número maior de fechamentos de negócios. As bases de preços oferecidas pelos compradores não animam os produtores a vender seus lotes recém-colhidos. Estão preocupados com os aumentos nos custos de produção e consideram que os preços oferecidos não remuneram adequadamente o resultado de um ano de trabalho e investimentos. Sem nenhuma informação de peso nos fundamentos, o mercado físico de café permaneceu calmo, com os cafeicultores voltados para os trabalhos de colheita, que agora avançam bem e começam a recuperar o atraso inicial.
Nos anos 80 do século passado a preocupação no mercado de café, tanto de produtores como da indústria, era que, com o consumo em queda, o café estava se tornando uma bebida de pessoas maduras, mais velhas, enquanto as novas gerações se voltavam para os refrigerantes e sucos industrializados. Quase quarenta anos depois o cenário se inverteu. Os jovens lotam as cafeterias, se interessam por cursos de baristas, discutem novas origens e modos de preparo, a ponto das cadeias de “fast food” em todo o mundo se interessarem pela colocação da bebida em suas lojas, muitas delas criando marca própria do produto. Talvez o exemplo emblemático seja o McDonald’s com seu McCafé. O sucesso da bebida foi tanto que hoje o McCafé é vendido também em lojas próprias. A Dunkin’ Donuts e a Burger King têm seus cafés, assim como toda e qualquer rede de “fast food”. A Starbucks, maior rede de cafeterias do mundo, agora se expandindo na China, foi impulsionada pelos jovens desde seu inicio no final dos anos 70 do século 20.
O sucesso do café entre os jovens é tamanho que a Coca Cola, o carro chefe da indústria de refrigerantes, se viu compelida a entrar no segmento. Em 2008 estabeleceu uma “joint venture” global com a Illycaffè para lançar em diversos mercados bebidas com café prontas para beber. Aqui no Brasil, lançou em agosto de 2016 o seu café, Leão, uma marca de origem brasileira com 115 anos de tradição no segmento de chás. Agora a Coca Cola está lançando no Brasil a Coca Cola Café Espresso, lançada no ano passado no Japão com o nome Coca Cola Coffee Plus (fonte: Peabirus veja mais informações em nosso site).
Essa profunda mudança no mercado de café começou com o crescimento do número de cafeterias oferecendo café espresso a partir de matéria prima de melhor qualidade. A união da imagem de modernidade trazida pelas máquinas de espresso, a melhor qualidade do café oferecido e o ambiente das cafeterias, no início espelhadas no modelo italiano, trouxe os jovens para o consumo de café e um imenso desenvolvimento do mercado. Investimentos pesados em pesquisa e tecnologia, na produção e na indústria, contribuíram decisivamente com a nova fase do consumo de café iniciada no decorrer dos anos 80 do século 20.
Refletindo essas mudanças, as exportações brasileiras de cafés especiais devem crescer 8% em volume este ano, depois de terem somado 7,7 milhões de sacas em 2017, segundo estimativa da BSCA - Associação Brasileira de Cafés Especiais. No ano que passou os embarques já haviam avançado 14%. De acordo com a BSCA e a APEX Brasil - Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos, essas exportações alcançaram receita de US$ 2,012 bilhões em 2017, 600% mais que em 2012. No mesmo período, o número de países importadores saiu de 40 para 93. A expectativa para este ano é que a receita com essas exportações avance 10%, segundo Vanusia Nogueira, diretora da BSCA. Ela afirma que o foco este ano é “a fixação da imagem internacional do café brasileiro como produto de qualidade” (VALOR Econômico).
Até dia 26, os embarques de julho estavam em 1.181.634 sacas de café arábica, 208.838 sacas de café conillon, mais 159.830 sacas de café solúvel, totalizando 1.550.302 sacas embarcadas, contra 1.692.850 sacas no mesmo dia de julho. Até o mesmo dia 26, os pedidos de emissão de certificados de origem para embarque em julho totalizavam 1.938.787 sacas, contra 2.327.299 sacas no mesmo dia do mês anterior.
A bolsa de Nova Iorque – ICE, do fechamento do dia 20 sexta-feira, até o fechamento de sexta-feira dia 27, caiu nos contratos para entrega em setembro próximo 20 pontos ou US$ 0,26 (R$ 0,97) por saca. Em reais, as cotações para entrega em setembro próximo na ICE fecharam no dia 20 a R$ 552.68 por saca, e dia 27 a R$ 543,07. Na sexta-feira, dia 27, nos contratos para entrega em setembro a bolsa de Nova Iorque fechou com alta de 90 pontos.
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