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“País pode produzir 20 milhões de sacas de café por ano”, diz empresário colombiano

 por CaféPoint:

O empresário, Oswaldo Acevedo, que participou na recente Missão Cafeeira, disse que a Colômbia precisa de um plano estratégico concreto que vá além das recomendações gerais feitas pela Missão de Estudos que liderou o ex-codiretor do Banco da República, Juan José Echavarría.

Em 1990, quando se rompeu o Acordo Mundial Cafeeiro, a Colômbia produziu 18 milhões de sacas de café, o Brasil, 25 milhões e o Vietnã, zero. Hoje, a colheita nacional está em torno de 12 milhões de sacas, o Brasil, 57 milhões e o Vietnã, 32 milhões.

Esses dados são a base das afirmações Acevedo. Para ele, as conclusões da Missão são parcialmente corretas, mas é necessário dar ao mundo cafeeiro uma visão baseada em ações concretas.

Acevedo conversou com o veículo de comunicação Portafolio sobre como acha que deve ser a estratégia cafeeira do país.

Qual é sua posição em termos de produção?

O objetivo nesse aspecto deveria ser elevar a produção a 20 milhões de sacas em 2020. Isso é muito possível. Nesse momento, o mundo deverá estar produzindo cerca de 180 milhões de sacas. Hoje, produz 155 milhões. Isso significa que a participação do país no mercado internacional seria de 11%.

E como chegar a esse nível de produção?

Esse processo já está ocorrendo. Há cafezais recém-cultivados e existem muitos planos de ampliação da área e de renovação dos cafezais. O preço base de 700.000 pesos (US$ 275,48) por carga, estabelecido para o pagamento de subsídio em 2013 e 2014, converteu-se em um incentivo muito grande, pois o custo de produção é inferior a esse nível, o que converteu o café em um bom negócio, especialmente para os produtores do sul do país, Tolima, Cundinamarca e Santander.

Há quem compre essa colheita?

Aqui vamos a um segundo ponto, que é o do aumento do consumo nacional. Das 20 milhões de sacas, o país deve consumir 4 milhões, até 2020. Hoje, consome 1,5 milhão de sacas. A ideia é que passemos de consumir um quilo per capita atualmente para três quilos dentro de cinco anos. Para isso, requer-se acabar com consumo de cafés de varrição e consumir somente grão de melhor qualidade. A ideia é que tomemos bom café.

Como fazer para que o mundo nos compre as outras 16 milhões de sacas?

Esse é o terceiro ponto. É necessário fortalecer a estratégia. Está claro que, no mercado de café, o prestígio é dos países e não tanto das marcas. Nosso café da Colômbia já está posicionado e é necessário aumentar essa boa imagem. O mesmo Presidente da República deve ser o líder da promoção de café colombiano no exterior. Todas as embaixadas têm que promover o café, assim como os ministros e os demais funcionários do Estado.

Como garantir uma boa receita aos cafeicultores?

Com o fim de ter um preço externo rentável para os produtores, temos que trabalhar na promoção do impacto social e ambiental que representa tomar café colombiano. Esse cultivo tem um impacto favorável no sequestro de carbono, no reflorestamento, na recuperação das fontes de água, tudo isso mediante o cultivo de árvores.

A ideia é que regressemos aos cafezais com sombra, mas com espécies moderáveis que deem valor agregado aos produtores, mas o mais importante é seduzir o consumidor mundial de café sobre o que significa comprar o grão colombiano, sem importar se é mais caro.

O que acha da proposta de acabar com a obrigação que a Federação tem de comprar todo o café que o país produz?

Estou em desacordo com a eliminação de garantia de compra. Aos economistas, isso parece um horror. Pode ser que não seja ortodoxo, mas isso só se pode abolir no dia que os países desenvolvidos suspenderem os subsídios ao campo. Essa é uma forma de competir. Em vez de eliminar a garantia de compra, é necessário fortalecê-la para que os produtores se modernizem.

Que outro fator é necessário impulsionar no setor cafeeiro?

O emprego. Se chegarmos a uma produção de 20 milhões de sacas, geraremos 300.000 novos empregos. Isso pode ter um impacto favorável para atender às necessidades de trabalho geradas durante o pós-conflito.

Como vê o país cafeeiro uma vez que esses objetivos forem alcançados?

Esse é o ponto nove de minhas propostas. Isso seria como voltar à época das altas receitas vivida entre 1962 e 1989, quando os cafeicultores aportaram 20 bilhões de pesos (US$ 7,87 milhões) ao bem-estar do país através da contribuição cafeeira, vias, pontes, escolas e aquedutos, entre outras obras.

Qual o ponto 10 de sua proposta?

Defender a taxa de câmbio. Creio que o país não pode regressar a um dólar de 1800 pesos, porque estamos quebrados. Essa é a garantia para alcançar os objetivos citados.

A reportagem é do http://www.portafolio.co / Tradução por Juliana Santin

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