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Pandemia reduziu em mais de 70% vendas do setor de cafés especiais

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Pandemia reduziu em mais de 70% vendas do setor de cafés especiais
por Revista Globo Rural:
Postado em 04/06/2020
Levantamento é da BSCA, associação que representa o segmento. Restrições impostas pelo coronavírus reduziram clientela e volume de negócios

Georgia Franco diz lembrar bem onde estava quando a Organização Mundial da Saúde (OMS) reconheceu oficialmente que a expansão do novo coronavírus pelo mundo se tratava de uma pandemia. Dona de uma cafeteria voltada para bebida de alta qualidade, no bairro do Batel, em Curitiba (PR), ela conta que participava de um evento em Minas Gerais.
Em 2019, a Lucca havia registrado seu melhor ano, conta a empresária, com crescimento de 15% em relação ao anterior. A tendência continuou em janeiro e fevereiro. Mas veio a pandemia, com as determinações de quarentena e medidas de distanciamento social. E, a partir de março, ocorreu o que Georgia chama de “virada negativa”.
A Lucca Cafés Especiais implantou algumas ações. Os cursos foram interrompidos. Funcionários que integravam os grupos de maior risco para a Covid-19 foram colocados em férias. Com parte dos trabalhadores em home office, o fornecimento de café para empresas também caiu. De outro lado, explica Georgia, veio um alívio, com a renegociação, por exemplo, de contratos de aluguel.
E-commerce e venda direta
Ainda conforme o estudo da BSCA, em função das medidas de distanciamento social, as vendas via internet ganharam mais força. De acordo com a entidade, alguns de seus associados chegaram a reportar aumentos de até 49%. Outros disseram até mesmo ter dobrado. A associação até montou uma lista com contatos de e-commerce. Mas pondera que não é suficiente para compensar a diminuição de movimento nas lojas físicas.A loja virtual da Lucca Cafés Especiais tem oito anos, conta Georgia. O que antes era mais um canal de vendas ganhou novo impulso, vendendo no sistema de entrega o pacote de café em grão para os clientes, mas não a bebida pronta.
Embora fale em um cenário mais positivo que o de meses atrás, ela pondera que a incerteza não acabou. Funcionários afastados do trabalho estão retornando e a empresa se comprometeu a não demiti-los. Mas a expectativa ainda é de faturamento abaixo do normal.
Efeito sobre produtores
O levantamento da Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA) alerta que a situação vivida pelo varejo pode refletir nos produtores de café. Conforme os dados divulgados no final de abril pela entidade, pelo menos 70% dos pesquisados informaram não ter como adquirir a produção da safra deste ano. Georgia Franco pontua que investiu em grandes estoques, considerando a perspectiva favorável que tinha no começo de 2020. E depende de capital de giro para adquirir o produto que venderá mais para frente. “A gente vende do café da safra”, explica. “Tenho bastante estoque e vou fazer de tudo para vender por um bom preço e ter giro para comprar a safra que vem”, acrescenta. Ela ressalta que, no segmento de cafés especiais, a interdependência entre os integrantes da cadeia é um fator bastante importante. Afirma que os fornecedores de quem adquire o café têm demonstrado ciência da situação e garantido prazo maior para pagar as compras da safra nova, o que, segundo ela, é uma ajuda.“Eles estão solidários. Tivemos muitas respostas positivas. Os pequenos são aqueles que estão mais preocupados. O grande vai conseguir exportar, mas o pequeno consegue preços melhores no mercado interno”, explica Georgia.
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