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Poda do cafeeiro: Confira detalhes sobre os diferentes tipos e como aplicá-los na lavoura

Por CaféPoint, via Emater/MG

Postado em: 25/08/22
A poda do cafeeiro é uma técnica há muito tempo conhecida por técnicos e cafeicultores. Sua utilização, no entanto, só se intensificou no início dos anos 70, com o plantio das lavouras no sistema de renque e com os planos de renovação de cafezais.

Na cafeicultura moderna, a poda passou a ser incorporada às práticas de manejo. Ao contrário do que muitas vezes se acredita, ela não aumenta a produtividade do cafeeiro, mas pode, sim, ser um recurso muito eficiente na regularização da safra, além de facilitar a execução das diversas operações de manejo e de colheita. É também indicada quando se quer fazer uma correção na arquitetura da planta, como é o caso de lavouras com excesso de ramos ortotrópicos (“ladrões”), que tiveram perda de ramos plagiotrópicos (produtivos) ou, ainda, quando estes se encontram muito entrelaçados, diminuindo a entrada de luz na planta e dificultando a colheita.

A poda também melhora as condições para o controle fitossanitário, principalmente da ferrugem e da broca, assim como promove um aumento da luminosidade e arejamento da lavoura. É importante ressaltar que é uma operação trabalhosa e onerosa, que, além de aumentar os tratos culturais (manejo de mato e desbrotas), requer trabalhadores treinados, com orientações técnicas, máquinas e equipamentos específicos.

Do ponto de vista exclusivamente econômico, devem-se fazer podas em anos de carga alta. Entretanto, é necessário que no manejo da lavoura, desde o ano anterior, tenham sido realizados um controle eficiente de pragas de solo e uma boa nutrição do cafeeiro, isto porque, se a planta estiver muito esgotada, seja por exaustão de reservas, seja por ataque de pragas de solo, há o risco de insucesso na recuperação da lavoura, principalmente quando se trata de poda drástica.

Tipos de poda

Existem vários tipos de poda que podem ser aplicados na lavoura cafeeira, sendo classificados em: podas leves (desponte e decote) e podas drásticas (recepa e esqueletamento). A decisão pelo tipo de poda será em função da avaliação técnica, econômica e operacional. Saiba mais sobre cada uma:

Recepa

É uma poda drástica, isto é, há uma retirada de grande parte do tronco, que provoca, como consequência, um rebaixamento acentuado do índice de reservas da planta, com morte de grande parte das raízes absorventes, as quais ressurgem posteriormente. Uma vez recepado, o cafeeiro ficará por uma safra sem produção e irá retornar a uma boa produtividade para a cultura somente a partir da segunda safra.

A recepa consiste em cortar o ramo ortotrópico a uma altura de 20 a 40 cm do solo, chamada de “recepa baixa”, ou de 40 a 100 cm, denominada “recepa alta”. É utilizada, normalmente, quando a planta já perdeu grande parte dos ramos baixos, sendo a altura do corte determinada em função destes ramos, visando preservar o que restou deles.

Nesta condição, tem-se a chamada “recepa com pulmão”, que tem como resultado uma brotação mais vigorosa da planta. Dependendo do estado dos ramos laterais da “saia” preservada (muito compridos ou pouco produtivos), pode ser recomendável o seu encurtamento, após o surgimento das novas brotações. Na ausência destes ramos, faz-se o corte, deixando apenas o “toco”, caracterizando a “recepa sem pulmão”.

Decote lenhoso

É uma poda em que o corte é feito no ramo ortotrópico, em plantas em que grande parte dos ramos laterais ainda se encontram presentes e que podem ter potencial produtivo para a próxima safra. O decote pode ser alto, quando o tronco é cortado entre 1,5 a 2,0 m do solo, e baixo, de 1,0 a 1,5 m. É mais indicado para diminuir o tamanho das plantas, facilitando os tratos e a colheita, ou visando maior incidência de luz, aumentando, assim, as brotações dos ramos produtivos e a florada.

Tecnicamente, o decote baixo só deve ser indicado quando se deseja adequar a arquitetura da planta, como, por exemplo, eliminando o cinturamento. A exemplo da observação feita, anteriormente, em recepa, pode vir a ser conveniente encurtar os ramos da “saia”, após o surgimento das novas brotações, caso estejam muito compridos ou pouco produtivos.

Decote herbáceo

É uma variante no sistema do decote propriamente dito e consiste na eliminação da gema terminal do ramo ortotrópico, daí o nome de decote herbáceo. Tem como finalidade o controle sobre a altura das plantas, mas, devido à resposta da planta no crescimento lateral dos ramos produtivos, é recomendado apenas quando há espaço suficiente nas linhas do cafezal, sob pena de um fechamento e definhamento dos referidos ramos. Normalmente, há o aparecimento de brotos que podem ser mantidos ou não.

Esqueletamento

O esqueletamento é um tipo de poda tanto mais drástica quanto maior for a porção removida dos ramos plagiotrópicos. Como na recepa, há grande perda de raízes absorventes, que se restabelecem após algum tempo. Esta poda consiste no corte dos ramos laterais do cafeeiro, de 20 a 50 cm a partir do tronco, dando à planta um formato cônico. Simultaneamente, deve-se fazer o decote da planta. A opção pelo “esqueletamento” deve ser feita quando a planta ainda apresenta grande parte de seus ramos produtivos preservados e quando for necessário o revigoramento destes. Caso já tenha ocorrido perda significativa dos ramos plagiotrópicos, deve-se optar pela recepa.

Desponte

Também considerado uma poda do tipo leve, consiste no corte dos ramos produtivos, de 50 a 80 cm a partir do tronco, conferindo um formato cônico à planta. Quando se efetua o desponte, deve-se fazer conjuntamente o “decote”, como no esqueletamento, visando quebrar a dominância apical e induzir às brotações laterais.

O desponte é indicado quando a lavoura se encontrar fechada, com os ramos plagiotrópicos longos, com poucas gemas produtivas nas extremidades dos ramos, mas, ainda sem perda da “saia” e sem cinturamento.

Desbrotas

Quando se decide pela poda, deve-se estar ciente da necessidade das desbrotas e, consequentemente, dos custos de mão de obra para sua realização. As desbrotas, principalmente se faz opção por podas drásticas, como a recepa, exigem o emprego de mão de obra capacitada. Normalmente, tanto na recepa, quanto no decote, deixam-se de dois a três brotos por planta no sentido da linha de plantio, quando a colheita é feita manualmente. Este cuidado é para que os brotos não tombem para o interior da rua e se quebrem, não somente pelo pelo, como também pelo esforço a que são submetidos pelas mãos do colhedor.

Quando a colheita é realizada com colhedeiras mecânicas, os brotos, também de dois a três por planta, devem ser deixados no sentido do interior da rua, porque o deslocamento da máquina irá forçá-los no sentido da linha de plantio. No caso de decotes altos, pode-se optar pela desbrota total, pela condução de dois a três brotos ou pelo livre crescimento (sem desbrotas nos ponteiros). Neste último caso, após a próxima safra, fazer nova poda abaixo da anterior, diminuindo-se, consideravelmente, os custos de mão de obra.

 

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