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Preço mínimo do café está fora da realidade, diz Carvalhaes

por Revista Globo Rural:

Em boletim semanal, empresa vê “reação tímida” das lideranças do setor

Os preços mínimos estabelecidos pelo governo federal para o café estão fora da realidade. É a avaliação do Escritório Carvalhaes, de Santos (SP), para quem os valores, que servem de referência para programas de apoio à comercialização do produto, devem ser ainda maiores.

Nesta semana, foi anunciado que o preço mínimo para o café arábica, a variedade mais produzida no país, passou dos atuais R$ 330,24 para R$ 333,03 a saca no ciclo 2017/2018, que começa em julho. A referência para o conilon foi reajustada de R$ 208,19 para R$ 233,59 a saca de 60 quilos.

“Esses números estão fora da realidade e precisam ser revistos para mais. Chama atenção a tímida reação das lideranças da produção. Tanto com as fortes quedas das cotações do café em um período de escassez como com a falta de realidade no reajuste dos preços mínimos do café”, avalia a empresa, em boletim semanal de mercado.

Também em relatório semanal, o Conselho Nacional do Café (CNC) cobrou preços mínimos “mais condizentes com a verdade dos custos de produção da atividade”. A entidade discorda dos argumentos utilizados pela Companhia Nacional de Abastecimento e que serviram de base para estabelecer os valores de referência do governo federal.

O CNC afirma, por exemplo, que a Conab estimou redução nos custos de produção em lavouras mecanizadas em Minas Gerais e São Paulo. Mas contesta, dizendo ter constatado elevação desses custos, especialmente com a manutenção do maquinário e a variação dos preços dos combustíveis.

“Ao longo dos últimos meses, o CNC se reuniu três vezes com o Governo Federal para tratar da matéria. Em duas audiências no Mapa e em uma na Conab, apresentamos que o estudo desenvolvido pela estatal possuía incoerências com a realidade do campo, o que impactaria negativa e diretamente no estabelecimento dos preços mínimos para o café na safra 2017”, diz o boletim.

Desvalorização

Questionados, os novos preços mínimos vieram em um momento de desvalorização do café. Nesta semana, o contrato com vencimento em julho, o mais negociado na bolsa de Nova York, caiu de US$ 1,45 para US$ 1,33 por libra peso. Há três meses, em 22 de janeiro, o mesmo papel fechava a US$ 1,60 por libra peso em Nova York.

“Isso acontece às vésperas da colheita de uma safra de ciclo baixo no Brasil, maior produtor e exportador mundial, que para chegar ao final do atual ano safra 2016/2017, de ciclo alto, foi obrigado a diminuir exportações e a leiloar o que restava de seus estoques governamentais”, ressalta Carvalhaes, para quem a bolsa está submissa aos interesses de curto prazo dos operadores.

No mercado interno, a queda do café arábica é 2,87% neste mês, conforme o indicador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea). No dia 3 de abril, a referência baseada no Estado de São Paulo estava e, R$ 476,12 a saca. Na quinta-feira (20/4), chegou a R$ 461,71.

Em boletim de mercado divulgado nesta semana, os pesquisadores veem uma “relativa estabilidade” nas cotações internacionais e na taxa de câmbio como o fator que pressiona as cotações. A liquidez no mercado é baixa, restringindo os volumes comercializados.

No café conilon, mesmo depois de um ano de forte queda de produção, a pressão sobre os preços vem do avanço da colheita, diz o Cepea. O indicador baseado no Espírito Santo, principal produtor da variedade, acumula baixa de 6,55% em abril. No dia 3, a saca de 60 quilos estava cotada a R$ 436,89. Na quinta-feira (20/4) o valor foi R$ 409,64.

“O mercado doméstico seguiu com baixa liquidez no spot (disponível). Vendedores continuam retraídos já que os preços encontram-se aquém das suas expectativas. Também há retenção na ponta compradora devido ao avanço da colheita nas regiões produtoras de conilon”, reforça o CNC.

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