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Preços não refletem o término dos estoques, a próxima safra brasileira e consumo mundial em alta

por Carvalhaes:

Nos dois dias úteis desta semana – tivemos os feriados de carnaval – o mercado físico de café no Brasil permaneceu paralisado. Os produtores que ainda têm café não aceitam vender seus lotes nas bases de preços oferecidas pelos compradores.

Em Nova Iorque, a ICE Futures US trabalhou todos os dias e os contratos de café com vencimento em maio próximo perderam 295 pontos na semana, fechando na sexta-feira, dia 3 a US$ 1,4330 por libra peso.

Em nossa opinião, o patamar de preços, tanto na bolsa americana como no físico brasileiro, não reflete o término dos estoques governamentais, a próxima safra brasileira, de ciclo baixo, e o consumo mundial em alta. A situação apertada levou torradores e industriais no Brasil a lutarem pela liberação da importação de café, só contida com a grande mobilização dos cafeicultores brasileiros, que pressionaram fortemente suas lideranças.

Está claro que os contratos de café na bolsa de Nova Iorque não espelham os fundamentos do mercado físico e sim os interesses de curto prazo de grandes grupos internacionais e especuladores, com acesso a linhas de financiamento a custo quase zero. A bolsa americana está “financeirizada” e não reflete a baixa disponibilidade de café no mercado internacional. Os interesses desses grandes capitais atrás de rápida rentabilidade se sobrepõem com facilidade aos do mercado físico mundial. O Brasil, maior produtor e exportador do mundo, arrecada, em um bom ano de exportação, seis a sete bilhões de dólares, quantia irrisória frente aos enormes capitais que circulam pelo mundo.

Os cafeicultores brasileiros só têm acesso aos financiamentos brasileiros, com juros estratosféricos, mesmo os agrícolas, quando comparados aos praticados no mercado internacional. Acabam sendo presa relativamente fácil. É uma briga desigual.

Nossas exportações, quase em sua totalidade, são negociadas com diferenciais contra as cotações em Nova Iorque e terminam pressionando os preços no mercado físico brasileiro. As grandes exportadoras no Brasil, conhecidas internacionalmente pela eficiência e confiabilidade nos embarques, disputam entre si o concentrado mercado comprador internacional e na prática, o grosso de suas vendas são feitas de modo semelhante a um “leilão holandês”.

A pergunta que fica, quando se observa as cotações atuais, é quais serão os preços em Nova Iorque em 2018, quando teremos uma safra de ciclo alto no Brasil.

As lideranças do café precisam se reunir com o governo federal e montar com rapidez uma política para sustentação dos preços. Em 2018 será hora de começar a refazer os estoques governamentais.

Até dia 02, os embarques de fevereiro estavam em 1.968.492 sacas de café arábica, 8.380 sacas de café conilon, mais 181.215 sacas de café solúvel, totalizando 2.158.087 sacas embarcadas, contra 1.576.826 sacas no mesmo dia de janeiro. Até o mesmo dia 02, os pedidos de emissão de certificados de origem para embarque em fevereiro totalizavam 2.649.031 sacas, contra 2.208.757 sacas no mesmo dia do mês anterior.

Até dia 2, os embarques de março estavam em 68.541 sacas de café arábica, mais 1.248 sacas de café solúvel, totalizando 69.789 sacas embarcadas. Até o mesmo dia 2, os pedidos de emissão de certificados de origem para embarque em março totalizavam 136.843 sacas, contra 16.258 sacas no mesmo dia do mês anterior.

A bolsa de Nova Iorque – ICE, do fechamento do dia 24, sexta-feira, até o fechamento de sexta-feira, dia 3, caiu nos contratos para entrega em maio próximo 295 pontos ou US$ 3,90 (R$ 12,15) por saca. Em reais, as cotações para entrega em maio próximo na ICE fecharam no dia 24 a R$ 601,66 por saca, de dia 3, a R$ 590,47 por saca. Na sexta-feira, dia 3, nos contratos para entrega em maio a bolsa de Nova Iorque fechou com baixa de 95 pontos.

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