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Procafé: Adubar bem o cafezal não é só aplicar doses altas de adubo

por Procafé:

Muitos técnicos e cafeicultores, ao recomendarem ou usarem adubos no cafezal, se preocupam mais com a quantidade e se descuidam da fonte e do modo de aplicação dos produtos, aspectos tão importantes quanto à dose.

A adubação adequada da lavoura de café deve considerar a necessidade da lavoura, conforme suas características vegetativas e produtivas, a disponibilidade de nutrientes do solo e seu equilíbrio e, então, indicar os adubos apropriadas, as doses e modos de utilização, visando atender às necessidades dos cafeeiros.

O modo de usar os adubos no cafezal é influenciado pelo tipo da lavoura, a declividade do terreno, o tipo de solo e o tipo do adubo, alem do sistema de manejo adotado, se cultivo de sequeiro ou irrigado.

O tipo de lavoura e a declividade do terreno influenciam na forma que o adubo deve ser distribuído. Nas lavouras com cafeeiros jovens e em renque, abertas, os adubos devem ser distribuídos o mais próximo e sob a saia das plantas. Em lavouras adensadas, já adultas, a aplicação pode ser feita no meio das ruas, pois já há proximidade das plantas na entre linha. Cuidados devem ser adotados  em plantas no 1º ano de campo, para não colocar fertilizantes próximos ao tronco, pois, especialmente com pouca chuva, podem provocar uma alta concentração de sais e, assim, queimar raízes e, até, matar plantas. Em áreas declivosas, com mais de 20-30% de declividade, o adubo pode ser distribuído, apenas, na parte superior das linhas de cafeeiros, procurando aplicar sob a saia. A chuva vai  arrastar o adubo também pra parte baixa da linha, via escorrimento ou infiltração lateral.

O tipo de solo influi, basicamente, na forma de parcelamento da adubação. Solos muito arenosos, menos comuns na cafeicultura, facilitam a lixiviação dos fertilizantes aplicados e, portanto, deve-se parcelar mais.

O tipo de adubo (nutriente e fonte) é um dos pontos mais críticos observados, no campo, onde tem havido mais erros quanto ao modo de aplicação, devendo-se, sempre, buscar, para cada condição, o melhor aproveitamento dos nutrientes pelas plantas, já que um adubo mal aplicado é um investimento mal feito. Pode-se gastar sem o devido retorno.

As fontes hoje disponíveis são de adubos orgânicos, minerais e organo-minerais, no caso dos minerais, ainda, os de imediata ou de lenta liberação. Nos orgânicos não tem havido problemas, apenas destaca-se o modo ideal – em cobertura – e o uso em equilíbrio, sendo critico quanto à palha de café, que pode desequilibrar para K e o esterco de galinha, para Ca e B. Nos minerais o problema se concentra nas fontes nitrogenadas. Fontes com base em ureia ficam sujeitas a perdas significativas, e, portanto, devem merecer cuidados quanto ao nível de umidade no solo. Com pouca umidade pode ser perdido até 70% do N aplicado. As fontes de nitrato ou sulfato de amônia tem bom aproveitamento, sendo prioritárias para lavouras em zonas de montanha, com aplicação manual, onde não se consegue aplicar rapidamente, aproveitando os períodos de boa umidade no solo. As fontes de lenta liberação são de 2 tipos – de proteção temporária, esta por poucos dias, ou as de proteção mais duradoura. Nesse último tipo é preciso ter cuidado quanto à distribuição, pois pode haver lavagem superficial, e quanto à dose e custo adequados, em relação às fontes convencionais. Nos organo-minerais são necessários mais estudos pra melhor otimizar seu uso. Reduções de doses nutricionais e de parcelamentos, na aplicação, ainda necessitam uma melhor quantificação.

No sistema de manejo da lavoura tem sido  mais problemática, obviamente,  a aplicação em cultivos sem irrigação, pois não se pode, com as formulações de adubos mais usuais, programar as épocas, pois se depende das chuvas. Nas irrigações localizadas (pivô-lepa, gotejo e micro-aspersão) ou, mesmo, em aspersão em lavouras fechadas, não existem dificuldades em termos de fontes, modos e aproveitamento. Apenas, no caso de gotejamentos mais antigos, tem havido problemas com entupimentos, o que provoca má distribuição e deficiências em alguns pontos da lavoura.  Ressalta-se que não são necessários parcelamentos excessivos no ciclo, sendo 6-8 suficientes e, ainda, é indicada, no período chuvoso, um dos parcelamentos em cobertura.

Para fechar, não custa lembrar que a necessidade dos cafeeiros é estimada pelos dados de retirada, pela vegetação e frutificação. Veja que, no caso de NPK, são calculadas, para cada saca produzida, as demandas de 6,2 Kg de N, 0,6 kg de P2O5  e 5,9 kg de K2O. Assim, por exemplo,  para uma produtividade de 30 sacas/ha seriam necessários cerca de 186 kg de N, 18 kg de P2O5 e 179 kg de K2O. Uma adubação normal, pra essa lavoura, tem sido feita na base de 300 kg de N e K2O e 60-80 kg de P2O5, portanto, com acréscimo, no total de nutrientes, de cerca de 80% (383 kg para 680 kg), isto mesmo sem considerar a disponibilidade pela reciclagem da folhagem, do ano anterior. Assim, o uso correto, de fontes e modo de aplicação, tem uma boa margem, através do melhor aproveitamento, pra economia e melhor retorno da adubação.

J.B. Matiello – Eng Agr Fundação Procafé

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