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Procafé: Condições das lavouras já preocupam muito e mês de setembro será determinante para a safra 23 de café
A Fundação Procafé atualizou nesta quinta-feira (8) as condições do parque cafeeiro nas principais áreas de produção do país. Alertando sobre o baixo volume de chuva observado nas áreas de produção e alerta possíveis problemas na safra de 2023.
“A gente tem andado em muitas lavouras e cada vez que passa a situação das lavouras vem piorando, isso porque nós estamos falando de lavouras bem cuidadas, lavouras com nutrição equilibrada, controle fitossanitário, porém sem chover e isso vem agravando dia após dia”, afirmou Alexandre Pedrosa, engenheiro agrônomo da Fundação Procafé.
Alysson Fagundes, também da Fundação Procafé, acrescentou durante sua participação do Podcast da Fundação, que o que mais preocupa neste momento é que o produtor fez tudo o que precisava ser feito em termos de nutrição e manejo, mas que era necessária uma chuva no final de agosto, que não veio e aumentou ainda mais a preocupação no café arábica. “Gastou com nutrição, com defensivo, mão de obra, o produtor fez o dever de casa direitinho, mas faltou a chuva da florada. Faltou uns 50 – 100mm no final de agosto”, afirmou.
Os dados atualizados, com base nas chuvas de agosto, mostraram que no Sul de Minas Gerais as temperaturas no mês passado ficaram próximo ou ligeiramente abaixo da média esperada. Nessa área, a precipitação no mês também ficou dentro da média esperada para o mês.
Mesmo com as chuvas, algumas das principais cidades de produção continuaram apresentando déficit hídrico no mês. “Varginha está com déficit de quase 100mm, Boa Esperança, região mais quente com déficit de quase 180mm, em Carmo de Minas com déficit de 25mm e Muzambinho com 60mm. Então na média, no Sul de Minas, hoje estamos com déficit médio em torno de 90mm”, afirma Rodrigo Paiva.
Com relação as regiões do Alto Paranaíba/Triângulo Mineiro, de forma geral, as temperaturas também ficaram dentro da média esperada, mas a precipitação durante o mês passado foi ainda mais baixa do que o já esperado para época do ano.
“A média do Triângulo é de 180mm de déficit”, comenta. Os pesquisadores relembram que no Cerrado os impactos foram ainda mais severos quando se compara com as demais áreas de produção do país. “Acho que neste momento, a perda de safra para 2023 por lá já é irreversível, não tem ponto de recuperação”, afirma Alysson.
Na alta Mogiana as temperaturas também ficaram dentro do esperado. E choveu dentro do esperado, porém, a condição continua sendo de déficit hídrico que já está em torno de 130mm. “Acho que o Sul de Minas ainda é melhor que a Mogiana e muito melhor que no Cerrado Mineiro diante dessa média”, complementa Alysson.
Debatando sobre a quebra de 2022, Alysson voltou a destacar que foi ainda mais expressiva do que era previsto anteriormente. Segundo ele, devido às condições climáticas, em cima da quebra já era projetada o produtor teve que se adaptar a uma nova realidade.
“O que foi um grande impulsionador dessa nova quebra foram as lavouras de carga média e carga baixa”, afirma. Explicou que o grande problema foi aquela lavoura que pegou uma geada, aquela lavoura que o produtor achava que ia dar 10,20 e até 30 sacas, mas que produziram apenas metade desse montante.
As lavouras mais novas também estão entre as que mais sentiram os impactos dos últimos dois anos, tendo um bom rendimento apenas na safra de 2020 – último ano de bienalidade positiva e de recorde para a produção brasileira. Os números levantados por Rodrigo em relação às lavouras do sul de Minas Gerais, mostram que as condições são semelhantes ao observado no ano passado, quando o déficit era de 102mm. “Praticamente três anos consecutivos de seca nesse período”, afirma.
O mês de setembro será determinante para definição da safra do ano que vem. “Se essa chuva foi na primeira quinzena de setembro, a safra é uma. Se for na segunda quinzena de setembro é outra. E se essa chuva na segunda quinzena de setembro não for significativa, aí o bicho pega porque em setembro a temperatura começa a subir muito”, acrescenta Alysson.
Os especialistas destacam que muito pior que não ter chuvas, é ter o registro de chuvas espalhadas ao longo do mês e com volumes que ficam abaixo do necessário pela planta. “E o chove bem, dependendo do déficit hídrico que atingir, é de 30mm para cima”, afirma.
Diante deste cenário, os analistas afirmaram que o ideal é que o produtor tome as decisões avaliando as previsões do tempo no curto prazo. Vale lembrar que as poucas regiões que registraram chuva no mês passado, também já registraram a abertura da primeira florada, condição que também está sendo acompanhada de perto por todo setor cafeeiro do país.
Com dois anos de quebra consecutivos, a expectativa do setor era a retomada na produção a partir de 2023, porém, com a previsão do fenômeno climático La Niña podendo afetar pelo terceiro ano consecutivo as chuvas e temperaturas mais elevadas, produtores, técnicos agrícolas e operadores de mercado estão em alerta para entender os rumos da safra 23 de café arábica do Brasil.
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