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Produção interna e renda derrubam importação de cápsulas de café

por Folha de São Paulo:

O que parecia impossível a curto prazo começa a ocorrer. O Brasil reduziu a dependência das importações de cápsulas de café, sensação no consumo da bebida.

Dólar valorizado, renda menor e aumento da produção interna foram os principais componentes desse recuo.

Nos oito primeiros meses deste ano, o volume das importações de café torrado e moído (a maioria acondicionada em cápsulas) caiu para 2 milhões de quilos, 27% menos do que em igual período de 2015.

O valor das importações teve um recuo ainda maior, para US$ 35 milhões (-31%). O preço médio do quilo de café que vem de fora recuou para US$ 24, ante US$ 27 no ano passado.

Há cinco anos, o quilo de café importado via cápsulas chegava ao país por US$ 91.

Outro dado surpreendente é que a exportação sobe. Maior produtor e exportador mundial de café, o país sempre ficou fora do mercado externo de produtos que agregam valor, como torrado e moído.

A chegada da cápsula poderá dar, aos poucos, novo fôlego às indústrias nacionais. Nathan Herszkowicz, diretor-executivo da Abic (Associação Brasileira da Indústria de Café), se anima com as perspectivas e diz que, em um ano ou dois, o país voltará a ter superavit na balança comercial do café industrializado.

De janeiro a agosto, o Brasil exportou 1,21 milhão de quilos de café torrado e moído, 8% mais do que em igual período do ano passado, conforme dados da Secex (Secretaria de Comércio Exterior).

O país, que já chegou a ter receitas de US$ 36 milhões por ano com exportações de café torrado e moído, obteve apenas US$ 10 milhões no ano passado.

Herszkowicz não está só na previsão desse cenário de melhora para o produto brasileiro. “É possível”, diz Rafael Duarte, diretor comercial da Villa Café, empresa de uma família de produtores de café que está na atividade há mais de cem anos.

Duarte diz que é difícil vencer as barreiras desse mercado, mas a Villa faz do mercado externo “uma estratégia, e não apenas uma oportunidade de negócios em períodos de câmbio favorável”.

Focada no mercado dos EUA, a empresa tem clientes na China, na África do Sul, na América Central e no México.

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