NOTÍCIAS

Queda na safra de conilon no ES pode chegar a 1,4 milhões de sacas

por CaféPoint:

A atual estiagem aliada a outros fatores decisivos devem provocar queda na safra do café conilon capixaba. De acordo com o pesquisador do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) e coordenador do programa estadual de cafeicultura, Romário Gava Ferrão, a queda na safra de café conilon já era esperada, mas a situação se agravou por conta da seca.

Entre os motivos pelos quais a queda já era esperada, estão:

1- O café é uma planta bienal. Um ano produz mais, outro menos. No caso do conilon, como foi registrada uma safra recorde no ano passado, já era de se esperar uma um pouco menor este ano.

2- Uma frente fria prolongada (mais de 10 dias), com ventos fortes e muito frio, atingiu o Estado na época do florescimento (agosto-setembro) nas principais regiões produtoras do Espírito Santo. Isso provocou queda de flores, de folhas e interferiu na fertilização da flor (formação do embrião do fruto). As rosetas cresceram com falhas, produzindo um menor número de frutos.

3- Na época da formação dos frutos (novembro–dezembro), houve déficit hídrico. Não choveu na quantidade necessária para a formação dos grãos, e o desenvolvimento dos frutos foi comprometido. Muitos chegaram a cair do pé.

Somados, os problemas devem significar queda de 1,4 milhões de sacas, segundo informação divulgada pelo Incaper no último dia 26. A produção do Espírito Santo de conilon, que em 2014 bateu recorde com 9,9 milhões de sacas colhidas, este ano deve ser de apenas 8,5 milhões.

Quanto ao arábica, havia para este ano a expectativa de uma safra um pouco maior do que a de 2014. Apesar da previsão de alta, o déficit hídrico e as altas temperaturas podem provocar uma queda na safra deste ano. As estimativas só devem ser confirmadas entre o meses de abril e maio. “Os técnicos do Incaper vão a campo quantificar tudo isso. Só depois, quando for divulgada a segunda estimativa de safra, será possível confirmar se houve ou não essa maior perda”, pontuou Ferrão.

Saída técnica para o produtor

Visto as graves condições enfrentadas pelos produtores, o Incaper dá algumas indicações do que pode ser feito nas lavouras para minimizar os efeitos climáticos. Além do cultivo de diversas variedades de café desenvolvidas pelo Insitituto e, tolerantes à seca, outras recomendações são o manejo de irrigação, poda, a associação de café com outras espécies e as tecnologias relacionadas à conservação do solo, que contribuem para reduzir os impactos causados pela estiagem.

“O produtor deve ter consciência de que a mudança climática é um problema real. Tem que se programar para enfrentar estes problemas. Não é enfrentar na hora que a situação aparece. Tem que usar mais tecnologia, reservar água na propriedade, fazer um bom manejo de irrigação, implantar e conduzir as lavouras usando as tecnologias desenvolvidas e adaptadas para as condições do nosso Estado. Além disso, é importante pensar em diversificar a produção, para que no ano de safra baixa, ele possa compensar com outras culturas potenciais. Enfim, a saída é melhorar a gestão do saber, do conhecimento, da tecnologia, planejando com antecedência. O produtor tem que se programar”, finalizou Ferrão.

Notícias Relacionadas