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Rainforest Alliance revisa norma e busca torna-la mais acessível

por CaféPoint:

Pioneira por agregar dimensões sociais, ambientais e econômicas da agricultura no padrão de produção sustentável, a norma RAS (Rede de Agricultura Sustentável/ Rainforest Alliance Certified) foi revisada e uma das principais mudanças foi adoção de uma visão de processo de melhoria contínua. A nova versão começa a valer em 1º de julho.

Para o produtor, as mudanças permitirão planejar e implementar num tempo maior – antes era necessário atender 80% da norma em um ano, agora serão três anos na primeira fase – os itens previstos, como boas práticas agrícolas, controles, gestão, programas de saúde e capacitação de funcionários e proteção e recuperação ambiental.

André de Freitas, diretor-executivo da RAS, afirma que a versão 2017 é mais clara e incorpora temas apoiados em avanços científicos, como agricultura climaticamente inteligente e medidas contra o impacto de pesticidas na fauna silvestre, incluindo os insetos polinizadores. Contudo, ele destaca que o DNA da norma continua. “Uma das maiores mudanças foi estruturação da norma em níveis, o que reconhece que sustentabilidade é um caminho a ser percorrido”.

As alterações são incentivos para que produtores aderiram à norma. Atualmente são certificados 1,2 milhão de produtores em mais de 40 países e com mais de 100 tipos culturas, o que compreende 3 milhões de hectares.

Freitas disse que a certificação da RAS é uma ferramenta para melhorar a sustentabilidade da agricultura, mas os desafios são enormes e são necessárias mais ferramentas e abordagens para solucioná-los. “Temos visto melhorias em produtividade, qualidade e preços dos produtos. Além disso, a abertura de mercados, menor rotatividade de mão de obra e menor número de acidentes de trabalho”.

Há 10 anos, o Imaflora (Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola) foi o primeiro certificador da norma RAS no Brasil, sendo que na época os critérios da certificação representaram um avanço histórico do setor agrícola.

Para Luís Fernando Guedes Pinto, gerente de certificação do Imaflora, a norma melhorou ainda mais em termos de sustentabilidade e inovação. “Esperamos que os empreendimentos certificados se tornem ainda melhores e mais fortalecidos”, disse ele.

Um período de transição permitirá que os produtores façam as adaptações de forma gradual e aumentem seu desempenho aos poucos. “Ele não vai precisar fazer tudo de uma vez só o que facilita em muito para o produtor”, destaca Pinto.

DO LADO DO PRODUTOR

Para o cafeicultor, as expectativas são positivas no sentido da flexibilização, que é um atrativo a mais para produzir café com qualidade e respeito à biodiversidade, aos recursos naturais e ao ser humano.

Especialista em manejo ambiental em sistemas agrícolas e consultor de certificação, que apoiou o Projeto de Sustentabilidade da Nespresso, o engenheiro agrônomo Maurício de Souza Sobrinho afirma que a nova norma RAS permite que os produtores cumpram os itens num prazo de três anos. Na versão anterior era necessário atender aproximadamente 100 itens em 12 meses.

Souza Sobrinho explica que as questões trabalhistas e de segurança no trabalho são grandes dificuldades enfrentadas por pequenos e médios produtores. Outro entrave é a implantação de estruturas, compra de equipamentos e os investimentos em segurança do trabalho, com exames periódicos e treinamentos.

Mudar a forma de agir e o comportamento dos produtores é a fase mais difícil da implantação da norma, a pesar do entendimento sobre os benefícios das melhorias e a necessidade de mudar a metodologia de produção do café. “A grande mudança da norma é que é mais inclusiva que a versão anterior”, afirma Souza Sobrinho.

NOVOS MERCADOS

Atualmente, Souza Sobrinho é consultor da Associação de Pequenos Produtores do Cerrado que reúne 80 produtores. No ano passado, o grupo teve safra de 45 mil sacas de café arábica.

Atualmente, a Associação trabalha com a certificação FairTrade, mas a expectativa é de aumentar mercado e obter valor mais atrativo para venda com a certificação Rainforest Alliance Certified. “Nosso foco é no exportador porque tem quem pague (diferenciadamente) pela Rainforest”, afirma Sobrinho.

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