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Rentabilidade para o produtor não é considerada e o comércio justo fica apenas no discurso
por Carvalhaes:
Em seu balanço semanal, o CNC – Conselho Nacional do Café, através de seu presidente executivo, o deputado federal Silas Brasileiro, em um artigo denominado “Sem Sustentabilidade Econômica”, critica a postura dos principais compradores mundiais de café que, “ao passo em que desejam impor o respeito ao meio ambiente e ao social na produção cafeeira, esquecem-se da sustentabilidade econômica, não refletindo em valores os elevados investimentos que os cafeicultores brasileiros realizam em suas propriedades ao preservarem a natureza e gerarem milhões de empregos, contribuindo com a renda de centenas de milhares de famílias trabalhadoras”.
Parabenizamos e apoiamos o CNC por este posicionamento, que sempre defendemos como sabem os que nos acompanham ao longo dos anos. As exigências dos compradores mundiais aumentam a cada safra, enquanto comprimem as cotações ao mínimo necessário para que os cafeicultores não desistam de produzir. O consumo mundial cresce com consistência e em paralelo, novas maneiras de tomar café agregam grandes lucros ao produto final que é oferecido aos consumidores. Querem cafés de qualidade, produzidos com respeito ao meio ambiente e ao social, mas procuram pagar cada vez menos pela matéria prima. O “Comércio Justo (fair trade)” acaba ficando apenas no discurso.
Muitos países produtores de café estão em um estágio de desenvolvimento em que suas leis ambientais, trabalhistas e fiscais, quando existem, são bem menos rigorosas que as brasileiras. Os cafeicultores brasileiros conseguem manter a posição de liderança à custa de muita pesquisa, dedicação, esforço e perseverança, com aumentos expressivos da produtividade e da qualidade. Mais organizados, muitos resistem em vender a preços abaixo de uma remuneração justa para o capital investido, custo do dinheiro (que agricultura no mundo tem o custo de juros igual ao do Brasil?), risco e responsabilidades trabalhistas, ambientais e fiscais envolvidas na produção de café no Brasil.
Para quebrar essa resistência, voltam a falar em importação de café, alegando que com ela agregaríamos valor a nossa produção. Importar café sem dar condições justas de concorrência ao cafeicultor brasileiro seria jogar grande parte de nossos produtores na cultura de subsistência. Só assim poderiam vender no mesmo preço que os produtores de países sem as leis trabalhistas, ambientais e fiscais que temos aqui. Não podemos esquecer que a maior parte de nossa produção está em mãos de pequenos produtores.
O ministério da Agricultura e o do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, poderiam se dedicar primeiro ao trabalho de derrubar barreiras alfandegárias e não alfandegárias que nosso solúvel e nosso café industrializado enfrentam na União Europeia e em outros países importadores de nosso café verde.
MERCADO CONTINUA DE LADO
Esta semana os contratos de café na ICE Futures US em Nova Iorque trabalharam em alta moderada, só fechando em baixa ontem, quinta-feira. O mercado físico brasileiro não se alterou, permaneceu calmo, com poucos produtores que ainda possuem lotes da safra 2016 dispostos a vender nas bases oferecidas pelos compradores. Estamos na entressafra e nossas exportações continuam caindo, as de abril deverão ser divulgadas pelo CECAFÉ na próxima semana e ficarão ao redor de dois milhões de sacas.
Até dia 2, os embarques de abril estavam em 1.621.731 sacas de café arábica, 25.301 sacas de café conilon, mais 166.604 sacas de café solúvel, totalizando 1.813.636 sacas embarcadas, contra 1.878.138 sacas no mesmo dia de março. Até o mesmo dia 2, os pedidos de emissão de certificados de origem para embarque em abril totalizavam 2.194.468 sacas, contra 2.330.178 sacas no mesmo dia do mês anterior.
Até dia 4, os embarques de maio estavam em 117.573 sacas de café arábica, mais 2.749 sacas de café solúvel, totalizando 120.322 sacas embarcadas, contra 23.492 sacas no mesmo dia de abril. Até o mesmo dia 4, os pedidos de emissão de certificados de origem para embarque em maio totalizavam 245.210 sacas, contra 188.369 sacas no mesmo dia do mês anterior.
A bolsa de Nova Iorque – ICE, do fechamento do dia 28, sexta-feira, até o fechamento de sexta-feira, dia 5, subiu nos contratos para entrega em julho próximo 230 pontos ou US$ 3,04 (R$ 9,66) por saca. Em reais, as cotações para entrega em julho próximo na ICE fecharam no dia 28 a R$ 559,36 por saca, e dia 5, a R$ 570,28 por saca. Na sexta-feira, dia 5, nos contratos para entrega em julho a bolsa de Nova Iorque fechou com alta de 75 pontos.
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