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Retrospectiva 2018: Funcafé e pesquisa como bases da resiliência do setor cafeeiro
por P1 / Ascom CNC:
Retrospectiva 2018
Funcafé e pesquisa como bases da resiliência do setor cafeeiro
Estamos encerrando um ano marcado por grandes desafios, mas também por trabalhos e conquistas que contribuíram para uma cafeicultura mais resiliente. Para nós, cafeicultores, a principal dificuldade em 2018 foram os preços do café, aquém de nossas expectativas e dos custos de produção de parte dos diversos sistemas produtivos que coexistem no Brasil.
Trabalhamos para que o setor pudesse fazer pleno uso de seu mais importante instrumento para o ordenamento da oferta de café, que é o Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé).
As gestões do Conselho Nacional do Café (CNC) junto ao Conselho Deliberativo da Política do Café (CDPC) e ao Governo Federal garantiram a aprovação e a disponibilização de orçamento recorde para a cafeicultura, de R$ 4,96 bilhões.
Para as linhas de Estocagem e Custeio, conquistamos aumento de orçamento de 3,1% (R$ 1,862 bi para estocagem e R$ 1,1 bi para custeio), criando condições para que os produtores e suas cooperativas pudessem escalonar as vendas de uma safra alta ao longo dos meses, esperando melhores condições de comercialização.
Atuamos para fortalecer a participação do setor cooperativo de crédito na distribuição dos recursos do Funcafé, cujos agentes receberam mais de R$ 1 bilhão para o financiamento da cafeicultura. E, para facilitar o acesso a todas as linhas de financiamento do Fundo, os prazos de contratação passaram a ser abertos durante os 12 meses do ano.
O Plano Safra 2018 consolidou o trabalho realizado pelo CNC e pela Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) em 2017, que resultou na publicação da Resolução do Banco Central do Brasil n.º 4.603, de 19 de outubro de 2017, autorizando a redução do spread bancário nas operações com recursos do Funcafé.
A partir deste ano, o Funcafé passou a ser remunerado em 4%, com o spread bancário sendo definido pela diferença entre esses quatro pontos percentuais e a taxa de juros estipulada no empréstimo. Esta foi uma conquista muito importante para aumentar a flexibilidade do agente financeiro na negociação com os mutuários, que podem ter acesso a condições mais satisfatórias de financiamentos.
Para garantir a competitividade da cafeicultura brasileira no longo prazo, o CNC trabalhou junto aos Poderes Executivo e Legislativo e teve sucesso na alteração do Projeto de Lei Orçamentária 2019 para ampliar os recursos destinados à pesquisa cafeeira em 36%, viabilizando a continuidade dos trabalhos do Consórcio Pesquisa Café, em especial da Chamada 20/2018, cujas linhas de pesquisa foram orientadas às demandas do setor produtivo, conforme nossa atuação junto ao Comitê de Pesquisa do CDPC. Durante o próximo ano, o acompanhamento e o apoio à implantação dos projetos de pesquisa selecionados na Chamada 20/2018 continuará sendo uma prioridade do CNC.
Os baixos preços do café e a incoerência desse cenário com as demandas por maior sustentabilidade na cafeicultura mundial foram o foco principal de nossa atuação internacional. Na OIC, contribuímos ativamente para a redação e à aprovação da Resolução 465, que prioriza ações que visem ao equilíbrio da oferta e demanda mundiais, com destaque para a concentração de esforços para o aumento do consumo global de café, em especial nos países produtores, posicionamento defendido há anos pelo CNC junto à Organização Internacional.
A Resolução 465 também prevê o lançamento de uma campanha mundial para comunicar aos consumidores os efeitos dos baixos preços de café sobre as origens produtoras e a realidade vivenciada pelo segmento produtivo, o que vem ao encontro de nosso trabalho junto ao Fórum Mundial de Produtores de Café, desde o primeiro evento realizado em Medellín, em 2017, onde defendemos o compartilhamento das responsabilidades de se produzir cafés sustentáveis entre todos os elos da cadeia produtiva.
Expectativas para 2019
Oportunidades para a construção de uma política efetiva de garantia de renda e ampliação da competitividade
Os desafios serão muitos, já que nós, cafeicultores, estamos inseridos em um mercado especulativo, que está mais atento aos sinais de aumento dos fluxos de comércio do que à realidade do quadro de oferta e demanda do maior produtor mundial de café. A safra brasileira 2018/19 não gerará grandes excedentes para o próximo ciclo, já que o País consumirá e exportará quase o total colhido. Por isso, é equivocado denominá-la “supersafra”.
Precisaremos estar atentos ao cenário externo, principalmente às tendências dos juros dos Estados Unidos e aos desdobramentos das negociações relativas à guerra comercial sino-americana. Esses fatores, aliados ao andamento das reformas estruturantes no governo do presidente Jair Bolsonaro tendem a influenciar o câmbio brasileiro, uma variável fundamental para o planejamento do negócio café.
Diante de tantas incertezas, é fundamental que nós, cafeicultores, calculemos minuciosamente nossos custos de produção e nos aproximemos de nossas cooperativas para fortalecê-las e nos beneficiemos dos múltiplos serviços prestados, entre eles o apoio à gestão dos riscos mercadológicos, via facilitação do acesso a instrumentos de hedge.
No ano que se aproxima, as prioridades de trabalho do CNC continuarão sendo a preservação do Funcafé e a garantia de renda ao setor produtivo.
O fortalecimento do Conselho Deliberativo da Política do Café (CDPC), com a definição de um calendário de reuniões para o Conselho e seus Comitês Diretores em 2019, assim como a manutenção de uma estrutura adequada no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) para apoiar seus trabalhos e gerir com eficiência o Funcafé são fundamentais para garantir a sinergia com o setor privado na orientação da política cafeeira.
No tocante à garantia de renda, mudanças na política agrícola serão necessárias e facilitadas por uma gestão estável e duradoura do Mapa, que será capitaneado pela deputada Tereza Cristina.
As reformas aprovadas durante o Governo Temer, que permitiram a redução da taxa Selic para níveis historicamente baixos, criam condições para o protagonismo do setor financeiro privado na oferta do crédito agrícola e ampliação da concorrência entre os agentes financeiros. A menor necessidade de subvenção aos juros dos financiamentos abre espaço para trabalharmos a alocação desses recursos do Tesouro para a implantação de uma política mais abrangente de seguro de produtividade e de receita.
Com essa política agrícola mais ágil e moderna, que dê segurança ao produtor para quitar seus financiamentos e aumente o interesse dos agentes financeiros em ofertar crédito rural, poderemos trabalhar um programa de renovação de cafezais junto ao setor financeiro privado. Essa estratégia visa a ampliar a competitividade e a resiliência das regiões produtoras, garantindo o crescimento paulatino e equilibrado da oferta brasileira de café, de forma a acompanhar a maior demanda dos mercados consumidores, sem a ampliação de área produtiva.
Também em 2019, o CNC será o responsável pela organização do II Fórum Mundial de Produtores de Café no Brasil. Este evento ocorrerá nos dias 10 e 11 de julho, em Campinas (SP), e será uma oportunidade ímpar para mostrarmos ao mundo nossa cafeicultura e discutirmos, junto com outros países produtores e consumidores, questões chaves para a sustentabilidade econômica de nossa atividade. Entre elas, destacamos o aumento do consumo de café como principal estratégia para alcançarmos o equilíbrio entre a oferta e a demanda e, consequentemente, preços mais remuneradores.
Teremos muito trabalho em 2019 e somente conseguiremos aproveitar a janela de oportunidades que se abre para o setor café se estivermos unidos e atuando conjuntamente em prol de objetivos comuns.
Desejo a todos um Natal abençoado, cheio de paz, e um 2019 com muita união, harmonia e realizações em prol de nossa cafeicultura!
Atenciosamente,
Silas Brasileiro
Presidente Executivo
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