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Revista Cocapec: Anor Mamede da Silva – a cooperação se pratica em casa
por Revista Cocapec 116:
Nesta edição a Revista Cocapec desembarcou no município de Cristais Paulista/SP, mais precisamente no Sítio Dom Bosco para contar mais uma história incrível. A recepção foi ao som de latidos do cachorro que vigia a propriedade. Ao perceber a movimentação um senhor de chapéu na cabeça parou o que estava fazendo e veio ao nosso encontro, era Anor Mamede da Silva, o cooperado número 95 da Cocapec. Casado, pais de 6 filhos, sendo 4 mulheres e dois homens, 10 netos, 82 anos ele nos deu a honra de contar sua trajetória.
Uma das características percebida logo na chegada foi a importância da família para ele. Quando fomos convidados a entrar uma das filhas já o esperava e o cumprimentou com um carinhoso beijo. Dois netos também foram ao encontro do avô e não economizaram nos abraços. Puxamos a cadeira na varanda e começamos a conversar. Não demorou muito para os dois filhos Anor Mamede e Daniel Mamede chegarem e nos fazer companhia, e assim, o que era para ser uma entrevista, se tornou um agradável bate papo.
O cooperado é natural de Pedregulho/SP e o quinto de 10 irmãos e conta que ajudava bastante o pai nas terras que arrendavam na época. “A gente plantava várias coisas, arroz, milho e café, mas era tudo muito pequeno, na enxada, sempre difícil”.
Até aqui tudo caminha para uma clássica história, de quem sempre trabalhou na roça com os pais, e foi crescendo no campo e permanece até hoje. Mas com o Sr. Anor foi um pouco diferente. Ele conta que ao chegar a uma certa idade deixou a família e foi para Franca estudar, pois queria independência. “Comecei a estudar, fiz curso de Torneiro Mecânico, comecei a trabalhar num monte de lugar, até em Furnas”.
Já casado, sua esposa recebeu umas terras de herança ele conta que apenas cercou e colocou algumas criações no pasto. Na época ele tinha em sociedade uma empresa de blocos pré-moldados, e que com o tempo a concorrência ficou mais forte e eles fecharam o estabelecimento. Depois disso, a vontade de ter sua propriedade rural começou a aumentar, e ele viu uma oportunidade. “Tinha essa terra que era vizinha a que a minha mulher tinha herdado, eles estavam pedindo 10 mil conto. Eu vendi uma chácara mas eles pagavam 1 mil por mês, e o pessoal das terras queriam tudo a vista. Eu juntei 3 meses e cheguei pra eles e ofereci, e disse que pagava o restante parcelado, e assim eu comprei os primeiros 17 alqueires”.
No local, ainda não havia nada, nem mesmo uma casa, de acordo com o cooperado, por isso, a família continuou morando em Franca e todos os dias ia para lá trabalhar. “A gente mexeu com leite no começo, era só eu e a mulher, os filhos eram pequenos, ainda não ajudavam, depois fiz um barracão que hoje é uma tulha. Aos poucos plantei um pouco de café e fui aumentando com o tempo”.
A opção pela cafeicultura foi natural pois a propriedade era pequena e com isso o cultivo era o mais adequado, segundo ele. Sr. Anor relembra os desafios em trabalhar com café pois não tinha experiência. “Antes da Cocap eu vendia para os outros armazéns da cidade, mas achei muito bom quando chegou a cooperativa, pois pensei, agora tem um lugar para depositar”. Ele reforça ainda que a mudança da cooperativa do Paraná para Cocapec foi tranquila, pois sabia que iria dar tudo certo. “Pra mim foi fácil, eu só comprava o que eu poderia, e a vista. Então foi bom demais”.
O filho que leva seu nome, começou ajudar o pai aos 21 anos, em 1994, quando perdeu o emprego. “Ele chegou pra mim e disse que queria vir pra cá, eu falei, tudo bem, mas tempos que aumentar a plantação pra ter renda pros dois”. Relembrou o cafeicultor. Há alguns anos o outro filho Daniel também resolveu se unir a eles, e atualmente apenas o três tocam a propriedade de 40 hectares, sem a colaboração de funcionários, o segredo eles dizem que está no investimento em equipamentos, e contam que sempre estão adquirindo máquinas para se manter modernizados. “Os financiamentos ajudaram muito a comprar as máquinas, fazemos tudo planejado, e sempre tem alguma coisa pra comprar, se a gente para fica pra trás, além disso [com os equipamentos] fica mais fácil trabalhar”.
Mas a mecanização não fica só na propriedade, eles também gostaram muito das melhorias que a Cocapec fez nos últimos anos, principalmente em relação a granelização. “A gente entregava só na saca, depois que abriu o armazém aqui em Cristais Paulista ficou tudo mais fácil, a gente manda tudo à granel, é muito rápido, põe no tombador e é rapidinho, demora mais a parte dos papéis do que pra descarregar” comentam sorrindo Sr. Anor e os filhos.
Além do café, a família está investindo no cultivo de abacate, em breve começarão o plantio. A ideia é de diversificar e ter mais uma opção para quando for necessário. “Não queremos deixar de plantar café, mas o abacate vai ajudar a gente quando os preços não estivem bons”.
Para finalizar demos um breve passeio pela lavoura, terreirão, viveiro de mudas, tulha e pomar. Nisso constatamos que a união é algo realmente forte na casa do cooperado, pois em cada canto tem uma história, foi feito pelas mãos de todos, que trabalharam de forma cooperativista, fortalecendo e garantindo o sorriso largo no rosto de Sr. Anor.
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