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Revista Cocapec: Aurival Honório Cintra – um símbolo da cafeicultura de Claraval

por Comunicação Cocapec / Revista Cocapec 115:

Olhos claros, fala serena, casado, pai de 3 filhos, 200 mil pés de café e sucessão familiar garantida. Características que definem o Sr. Aurival Honório Cintra, um dos primeiros cooperados de Claraval/MG.

Nascido na região, ou na roça, como ele mesmo disse, perdeu o pai muito cedo, com apenas 4 anos. Sua mãe se casou novamente e o padrasto que ensinou a ele e os irmãos a trabalharem com a terra. “A gente estudava de manhã, chegava e já ia trabalhar, ele [o padrasto] ajudou bastante, cada um tinha a sua enxadinha”, relembra.

O curioso é que o Sr. Aurival demorou entrar na cafeicultura, por muito tempo ele cultivou as chamadas lavouras brancas, como arroz e milho, e também não tinha propriedade, e trabalhava em área arrendada e conta da dificuldade na época. “Era muito difícil, não tinha crédito e nem dinheiro, um tio meu que financiou um trator pra mim e eu consegui trabalhar, prestava serviço”.

Por influência de um primo ele ficou sabendo da instalação da então Cocap em Franca/SP. “Ele falou que abririam em Franca uma cooperativa, que ia ajudar bastante, que poderíamos comprar as peças e tudo mais. Fui na sede que ficava na rua Diogo Feijó ainda e entrei de cooperado, foi bem fácil”.

O cooperado relatou que ainda não tinha café e que começou plantando alguns pés, mas a lavoura não estava bem cuidada. “Estava tudo desmazelado, e foi o Maurício Miarilli [hoje ex-presidente da Cocapec e agrônomo na época], que a gente fez muita amizade, que veio aqui e começou a dar dicas, falando onde tinha que arrancar, quando fazer análise de solo, e foi assim que a gente começou”.

Sr. Aurival contou também sobre o desafio no início para mudar a mentalidade do padrasto acostumado somente com a lavoura branca. “Eu tinha pouca terra, o meu padrasto que tinha mais, só que ele não aceitava plantar café. Com isso, eu fui crescendo aos poucos, hoje eu tenho área própria e arrendada, e tenho mais de 200 mil pés de café”.

Outro fato importante relembrado foi o processo de instalação da filial em Claraval/MG, a primeira após a implementação da Cocapec, em 1987. “A gente lutou muito pra trazer [o núcleo da Cocapec], começamos a colocar na cabeça do Jordão [primeiro presidente da cooperativa] e ele disse ‘vamos fazer’, com a condição de arrumarmos o terreno, e aí não achava. Tinha uma área que era da igreja e, depois de muita conversa, deu certo”.

Só que o desafio não parou por aí, era preciso subir a estrutura, e a solução foi convocar os cooperados, que não eram muitos, mas firmes, nas palavras do Sr. Aurival, e precisaram integralizar capital e utilizaram sacas de café para isso. “Cada um deu o que podia, a minha parte foi de 5 sacas, teve gente que deu mais, e rapidinho levantamos o barracão”.

A chegada da Cocapec na cidade trouxe vários benefícios, segundo o Sr. Aurival. “Para nós ajudou de mais porque estava dentro do município, a questão de imposto, o atendimento, os insumos, tudo foi bom”.

O cafeicultor traça uma comparação da cooperativa em relação como era no passado e nos dias atuais. “Hoje ela virou uma empresa, antes o atendimento era mais simples e mais próximo, e como tem muita gente entrando ela precisa ser mais rígida, mas acho que ela tá sempre melhorando”.

Sr. Aurival é um grande apoiador da granelização e fala dos benefícios do sistema do recebimento de café da Cocapec. “Para nós foi muito bom, porque estava difícil armazenar tudo em saca, precisava de mais gente, para transportar tinha que pagar chapa, e hoje eu levo a granel, é muito bom, acabou com a dificuldade de transporte, não precisa fazer muita força”.

Assim como foi aumentando as lavouras de café aos poucos, ele também fez a mesma coisa em relação a estrutura da fazenda. Ele conta que aproveitou uma oportunidade de troca do Simcafé para comprar um secador e que isso melhorou totalmente a forma de trabalhar. “Antes era muito difícil, secava o café no pano, o terreiro era de terra, depois de muitos anos consegui ladrinhar e depois concretar, agora ficou bem melhor”. A propriedade também possui máquina de beneficiar, abanadeira e rastelo.

Apensar das dificuldades do início e os desafios pelo caminho, Sr. Aurival não se arrepende de ter trocado a lavoura branca pela de café. Quando se tornou cooperado levou muita gente junto, segundo ele. Vários membros da família também são associados, e trabalham nas propriedades dele como o seu filho, genro e neto, e cada um possui uma função. “Meu filho fica mais no trator, o genro nas máquinas e o neto na colhedeira, eu só fico no gerenciamento, busco peças, cuido do terreirão, das máquinas. Das lavouras quem cuidam são eles, o agrônomo chega já pegam eles e vão pro cafezal. Aos poucos vou passando pra eles, mas por enquanto sou eu que comando”.

Já no fim da conversa o Sr. Aurival fez uma importante observação sobre a Cocapec e os cooperados. “Eu sempre acreditei na cooperativa, mesmo nos momentos de dificuldade, tudo foi superado, o tempo passou, mas a cooperativa depende muito do cooperado fiel, porque muitos usam o que a cooperativa tem de melhor, e na hora de vender café vai pro outro, isso é errado”, finalizou.

Hoje contamos um pouco da vida do Sr. Aurival. Nossos sinceros agradecimentos à toda família e pela confiança de abrir a propriedade para que possamos mostrar histórias tão ricas e que estão bem aqui ao nosso lado. Aguarde a próxima!

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