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Revista Cocapec: Como obter qualidade em cafés naturais

Leonam

por Leonan Vilhena – Engenheiro Agrônomo/Uniagro

 

“A qualidade do café está no pé”. É comum ouvirmos esta frase no dia a dia e podemos também acrescentar que uma contagem regressiva se inicia a partir do momento em que colhemos o café.
E o fator tempo neste caso, é totalmente desfavorável a manutenção da qualidade.

Como em todas as fases produtivas é necessário um planejamento, o ideal é recapitular todo o processo, passo a passo, para não termos contratempos durante a safra.

Precisamos sempre definir qual é o nosso objetivo e fazer alguns questionamentos, tais como: qual café quero produzir? A estrutura física da minha propriedade está adequada? O maquinário é suficiente? Com base nas respostas, o produtor deve escolher qual caminho quer seguir para alcançar as suas metas.

Qualidade (1)

Uma das formas de aprimorar os trabalhos no terreiro são os cursos oferecidos pela Cocapec.

Na região da Alta Mogiana, encontramos áreas de diferentes altitudes, e com isso, algumas fazendas já começam a colheita no mês de maio, enquanto outras irão iniciar os trabalhos em junho.

A altitude que se encontra a lavoura exerce influência direta no processo de maturação. Quando programamos um plantio, uma das características na escolha de uma variedade de café é justamente quanto ao comportamento de maturação (precoce/tardia). O planejamento já logo nesta etapa permite que possamos escalonar a colheita de acordo com o comportamento da variedade.

Nesse momento, é importante fazer uma revisão em todos os equipamentos e máquinas que serão usados durante a safra, e também quantificar qual o número de colaboradores será necessário durante a fase produtiva da planta.

Estes preparativos são relativamente rápidos, mas requerem tempo e pessoas preparadas para executar. No terreiro, por exemplo, é importante verificar se existem frestas em que possa ficar cafés alojados. Nos secadores, verificar os termômetros, a fornalha, e ver se existem tubos perfurados e fazer os reparos necessários.

É importante dimensionar o volume de café a ser colhido x área de terreiro, para não perder justamente na reta final toda a qualidade do café adquirida até aqui.

Algumas dicas para extrair o máximo de qualidade:

  • Iniciar com mínimo de verdes;
  • Transportar o café colhido rápido para o terreiro;
  • Lavar o café – esse processo permite separar o “boia”, que é um grão que seguirá no terreiro separadamente do cereja. Este tipo requer menos tempo de seca, sendo assim, se o produtor dispuser de um lavador na propriedade, vale muito a pena esse processo;
  • Dispor o café em camadas finas no sentido do sol;
  • Na ocorrência de chuva, fazer leiras grandes e tombá-las até a retirada do excesso de água.

No momento de chegada do café da lavoura podemos colocar no terreiro o café grão a grão.  Se a opção foi por esse método devemos seguir os seguintes passos:

  • Esparramar o café grão a grão no primeiro dia, deixando sem rodar até que o fruto não esteja mais descascando (na prática isso ocorre no fim do segundo dia). Depois disso ir dobrando conforme a secagem vai ocorrendo, chegando no máximo 8-10 cm de espessura;
  • Normalmente se repete o processo das dobras por mais 2 a 3 vezes até o fim da secagem;
  • Mexer o café no mínimo 12 vezes ao dia;
  • Após meia seca (30 – 25% de umidade) podemos engrossar a camada e durante a tarde amontoar ainda quente e tampar com pano. No outro dia, abrir o monte e continuar com o processo.
Qualidade

A gestão do terreiro é crucial para se conseguir qualidade.

É possível finalizar a secagem apenas no terreiro, mas para fazendas maiores os secadores se fazem necessários.

Em seguida, os grãos devem ser acondicionados em tulhas de descanso até o benefício. Caso o produtor não tenha este local, é recomendado beneficiar o mais rápido possível.

Na máquina de benefício é importante fazer uma revisão geral antes dos trabalhos, e as devidas regulagens de acordo com o tamanho do grão que estiver beneficiando.

Quando o café estiver na meia seca(30% a 25% de umidade) podemos deixar amontoado em  um local  coberto, sem perder em nada a qualidade e posteriormente seguir para o secador ou mesmo voltar para terminar a secagem no terreiro. Esse procedimento ajuda na ocorrência de chuvas.

Os procedimentos são simples e a execução nos momentos adequados, propiciarão uma boa qualidade e, consequentemente, um melhor resultado econômico.

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