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Revista Cocapec: Mais seca e calor e menos chuva, mais bicho mineiro nos cafezais
Revista Cocapec
Autores: Marcelo Jordão Filho e J.B. Matiello Engenheiros Agrônomos Fundação Procafé
Quando ocorre um período seco prolongado, ou, mesmo, um veranico no período de chuvas de verão, pode esperar que é certo, o Bicho Mineiro (BM) chega atacando fortemente os cafeeiros. Isto foi o que vimos agora em janeiro/15, em diversas áreas cafeeiras da região da Mogiana Paulista, em função da falta de chuvas no início do ano, associada a altas temperaturas.
O Bicho Mineiro é a principal praga do cafeeiro. Em sua fase de larva ou lagarta faz minas nas folhas, reduzindo a área foliar, principalmente pela rápida desfolha, que provoca nas plantas. O seu ataque está muito correlacionado com fatores que afetam o equilíbrio da praga, com seus inimigos naturais e com o ambiente.
A ação das chuvas reduz a infestação da praga, existindo diferentes razões para esse comportamento. A primeira diz respeito à entrada em diapausa das pupas ou crisálidas do inseto, em períodos de chuva e umidade, assim interrompendo, por um período, o ataque, pois, nessa condição emergem poucos adultos.
A segunda razão do maior ataque, em períodos secos, está ligada ao déficit hídrico e à desfolha rápida que provoca, os quais podem acelerar o ciclo da praga. As temperaturas altas associadas aos períodos secos e a maior luminosidade constituem a terceira causa de agravamento do ataque. A quarta razão, que pode influir no ataque, é o desequilíbrio de inimigos naturais, não especificamente as vespas (parasitas ou predadoras), as quais aumentam em função do próprio aumento da população da praga, mas um grupo pouco estudado, de bactérias e fungos, responsáveis pela mortalidade natural do inseto, em suas diferentes fases, principalmente no estado larval. No período úmido, certamente, as condições para desenvolvimento de micro-organismos são mais adequadas.
Por esse conjunto de fatores, o ataque de Bicho Mineiro, num período chuvoso normal, fica reduzido, com quase ausência de folhas minadas na lavoura, voltando a aumentar no período seco em seguida, sendo que a partir de março-abril, novamente pode ser retomada uma nova infestação. O gráfico da figura 1 mostra bem a curva de sua flutuação populacional, ao longo do ano, na condição do Sul de Minas e sua correlação com as chuvas. Pode-se ver que em anos normais de chuva, como as do gráfico, a praga só inicia sua evolução a partir de março-abril.
É preciso distinguir, nesse aspecto, o fator chuvas do suprimento de água via irrigação. Isto por que nas áreas irrigadas, mesmo com um suprimento adequado de água e mesmo com irrigações de aspersão, a infestação ocorre intensamente nos períodos sem as chuvas normais.
Figura 1 – Correlação entre a ocorrência de período chuvoso e a curva de flutuação de Bicho Mineiro – S.S. Paraiso-MG, Fonte- Carvalho,T.A.F. et alli, Anais do 38º CBPC, Mapa Fundação Procafé, 2012.
Depois de visto o porquê do Bicho Mineiro ter evoluído nas lavouras na Mogiana, agora vamos indicar o que se deve fazer para o controle. Primeiro vemos que as chuvas, no geral, já retornaram e se continuarem assim o ataque tende a ficar reduzido. Outra coisa é que a aplicação dos produtos via foliar já deveria ter sido feita, uma vez que eles são recomendados com baixo índice de infestação.
Por outro lado, os produtos inseticidas de solo não atuaram tão bem este ano, exatamente pela falta de umidade para sua completa absorção.
Deste modo, cada lavoura deve ser monitorada, examinando se existem muitas minas ativas, com lagartas vivas. Caso essa infestação estiver em mais de 15-20% das folhas e se as chuvas cessarem, aí sim deve-se usar a aplicação foliar para evitar desfolhas prejudiciais, apesar do atenuante de que, nesse período, a planta está em plena formação de folhas novas, compensando uma pequena desfolha que pode estar acontecendo. A prioridade de controle deve ser para as lavouras novas e para aquelas com carga alta.
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