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Revista Cocapec: Viagem técnica à Colômbia mostra novas possibilidades a cafeicultura brasileira
por Revista Cocapec 117:
O grupo GTEC Alta Mogiana realizou uma viagem técnica para a Colômbia com o objetivo de conhecer a realidade de uma outra cafeicultura de arábica. Para isso, formou uma comitiva composta por cafeicultores, pesquisadores, extensionistas e empresários rurais, e outros profissionais como o superintendente da Cocapec Ricardo Lima de Andrade, do qual trazemos a seguir as percepções desta experiência. Ao todo, foram 4 dias e fizeram parte do roteiro visitas ao Parque del Café; a Federación Nacional de Cafeteiros de Colômbia (FNC); ao Centro Nacional de Pesquisas de Café (CENICAFÉ); cooperativas e propriedades.
De acordo com Ricardo, as cafeiculturas da Colômbia e Brasil possuem muitas semelhanças, como o enorme contingente de cafeicultores, perfil agrícola de pequenos produtores, desafios da extensão rural, organizações em cooperativas, desafios de agregação de valor, entre outros. Porém, ele pondera as muitas diferenças entre nós e o país vizinho, como a cafeicultura altamente dependente de mão de obra, foco maior em qualidade, legislação para criação do fundo parafiscal sobre exportação, instituição única (FNC) de coordenação do setor com suas ações muitas vezes “se confundindo com o Estado” ao assumir algumas funções sociais do mesmo.
Na Federación Nacional de Cafeteiros da Colômbia (FNC), entidade que congrega 70% dos produtores do país, e que tem sucesso na agregação de valor, o que chamou atenção do superintendente foi ver que a associação à FNC é livre, de acordo com conversa com os produtores, o que a torna bastante democrática na estrutura de formação em comitês que, no final, significa que a instituição é financiada pelos próprios cafeicultores e a gestão parece ser da base para cima, criando assim um sentimento de pertencimento dos cafeicultores em relação a ela.
Este comportamento em relação a FNC é o que viabiliza o café da Colômbia, pela impressão da comitiva, existe uma grande dificuldade em se produzir por lá, seja pelos aspectos fitossanitários (dificuldade de aplicação), operacionais (topografia) e/ou mão de obra (intensa/alto custo). O tão reconhecido marketing colombiano, que foi desenvolvido aos longos dos anos, se fortaleceu e é algo para se explorar por aqui, reforça Ricardo. Temos que comunicar os nossos diferenciais, como os diversos modos de produção, a importância do setor para a formação de renda e as características específicas de cada região produtora que são atributos que devem ser explorados”.
As principais vantagens percebidas entre os dois países foram: Brasil – Produção em escalas maiores e melhores produtividades. Colômbia – Qualidade real e difundida mundialmente como bandeira forte, além de terras férteis. No entanto, na observação do superintendente, o Brasil leva uma vantagem comparativa, dado a facilidade que tem de modificar ou modernizar os processos produtivos. Ele pondera que nossos produtores têm maturidade para não colocar o embate qualidade x produtividade. Não foram só os produtores que perceberam o posicionamento do marketing do café colombiano, nós vimos o turismo, o artesanato, as lojas, todos compartilham disso. Daí a importância das cooperativas e instituições brasileiras no trabalho coordenado do setor de café.
Contudo, foi avaliada pelo grupo que a situação dos produtores não é fácil. Com a crescente demanda global por cafés diferenciados o Brasil tem uma grande oportunidade de ocupar esse espaço, pois tem mais competitividade. Na visão de Ricardo, o desafio é trilhar na busca de se realçar os nossos cafés especiais como nicho de mercado, com melhores preços de venda, algo que já é trabalhado na Cocapec, promovendo assim a Alta Mogiana, sem perder de vista a grande capacidade de se produzir um excelente café, em escala, que é, segundo ele, no que o produtor brasileiro tem que se diferenciar, pois esta é a aptidão dos cafeicultores daqui, com mais investimento em pesquisa e como explorar esse potencial com menor custo.
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