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Safra 2017 do arábica será de ciclo baixo e informações que chegam do campo confirmam quebras

por Carvalhaes:

No último dia 9, terça-feira, os cafeicultores brasileiros foram surpreendidos por uma nota do ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços informando que aprovou quatro pedidos de “drawback” – que desonera insumos e equipamentos usados na produção de bens exportados – para importação de café verde e posterior exportação do produto solúvel. É o primeiro passo para uma inédita e desnecessária importação do grão pelo Brasil, maior produtor, maior exportador e segundo maior consumidor de café do mundo. Os cafeicultores brasileiros sempre se colocaram contra uma medida como esta, pois têm condições de fornecer todo o café necessário para suprir nosso consumo interno e nossas exportações. Somos responsáveis pela produção de aproximadamente 38% do café consumido mundialmente. O volume de “drawback” de café já aprovado é de cerca de 5.893 sacas de 60 kg, de um volume total de 500 mil sacas permitido. Com o mecanismo, a importação em geral não paga tarifas, desde que o produto industrializado seja exportado.

Os cafeicultores brasileiros estão começando os trabalhos de colheita, a do conilon já está em pleno andamento, e esse café autorizado a entrar no Brasil, sem taxas, terá uma única finalidade: pressionar para baixo a cotação do café em plena entrada de safra, quando nossos cafeicultores estão colhendo os frutos de um duro e caro ano de trabalho.

Para manter o Brasil na liderança mundial da produção de café desde a metade do século 19, nossos cafeicultores investiram capital ano após ano, com um dos maiores (senão o maior) custo de juros do mundo, além de severos riscos e responsabilidades trabalhistas, ambientais e fiscais. Aumentamos a produtividade e a qualidade de nossa produção, a custa de muita pesquisa, dedicação e perseverança, pois nossos principais concorrentes estão em um estágio de desenvolvimento em que suas leis ambientais, trabalhistas e fiscais, quando existem, são bem menos rigorosas que as brasileiras.

Como já dissemos em nosso último boletim, o ministério da Agricultura e o do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, poderiam se dedicar primeiro ao trabalho de derrubar barreiras alfandegárias e não alfandegárias que nosso solúvel e nosso café industrializado enfrentam na União Europeia e em outros países importadores de nosso café verde, ao invés de adotar esta medida que desestimula a produção de café no Brasil e incentiva a cafeicultura de nossos concorrentes.

Os trabalhos de colheita da nova safra brasileira 2017/2018 já começaram nas regiões produtoras de conilon, mais quentes e baixas, mas, como todos os anos, os produtores de arábica ainda estão se preparando para começar a colher, o que deve ocorrer entre os últimos dias de maio e o início de junho. Para o arábica, 2017 será de ciclo baixo e as informações que chegam do campo confirmam as quebras. Só perto do final de junho é que lotes de boa qualidade da nova safra deverão começar a chegar ao mercado.

As cotações do café em Nova Iorque estão em níveis baixos e oscilaram bastante no decorrer da semana, alternando dias de alta e baixa, acumulando no período uma perda de 75 pontos. O mercado físico brasileiro permanece calmo, em ritmo de entressafra. Os cafeicultores que ainda tem café da safra 2016, quando colocam no mercado seus lotes, imediatamente recebem ofertas, mas recuam com o baixo valor oferecido.

O CECAFÉ – Conselho dos Exportadores de Café do Brasil informou que no último mês de abril foram embarcadas 2 126 054 sacas de 60 kg de café, aproximadamente 14 % (332 171 sacas) menos que no mesmo mês de 2016 e 24 % (673 520 sacas) menos que no último mês de março. Foram 1 841 510 sacas de café arábica e 26 600 sacas de café conillon, totalizando 1 868 110 sacas de café verde, que somadas a 255 959 sacas de solúvel e 1 985 sacas de torrado, totalizaram 2.126 054 sacas de café embarcadas.

Até dia 11, os embarques de maio estavam em 428.738 sacas de café arábica, mais 34.693 sacas de café solúvel, totalizando 463.431 sacas embarcadas, contra 437.196 sacas no mesmo dia de abril. Até o mesmo dia 11, os pedidos de emissão de certificados de origem para embarque em maio totalizavam 838.899 sacas, contra 878.469 sacas no mesmo dia do mês anterior.

A bolsa de Nova Iorque – ICE, do fechamento do dia 5, sexta-feira, até o fechamento de sexta-feira, dia 12, caiu nos contratos para entrega em julho próximo 75 pontos ou US$ 0,99 (R$ 3,09) por saca. Em reais, as cotações para entrega em julho próximo na ICE fecharam no dia 5 a R$ 570,28 por saca, e dia 12, a R$ 557,67 por saca. Na sexta-feira, dia 12, nos contratos para entrega em julho a bolsa de Nova Iorque fechou com alta de 70 pontos.

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