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Santos, o grande porto do café

por A Tribuna – Editorial:

A exportação de café pelo Porto de Santos foi responsável pelo notável desenvolvimento da Cidade na virada do século 19 para o século 20. Basta observar o crescimento demográfico registrado: em 1872, a população local era de 9.151 habitantes; em 1913, 41 anos depois, multiplicou-se por dez, atingiu 88.967 pessoas. Tudo isso foi causado pelo café, produzido no interior paulista e escoado para o Porto de Santos pela Estrada de Ferro Santos-Jundiaí, inaugurada em 1867.

Os efeitos positivos não se limitaram ao movimento portuário, e à necessária construção do complexo, realizada pela Companhia Docas de Santos. Foi implantada na cidade uma importante rede de negócios, que envolvia comissários, exportadores, corretores, bancos, armazéns gerais. Empregos foram gerados, a renda cresceu, a cidade foi modernizada, principalmente a partir do plano de Saturnino de Brito, nos primeiros anos do Século 20.

De lá para cá, a situação alterou-se. O café deixou de ser o principal produto de exportação brasileira, e a rede de negócios existentes da cidade enfraqueceu-se. No entanto, o café permanece como uma importante commodity, e os números relativos à sua produção e exportação mostram sua força. O Brasil continua a ser o principal produtor mundial, sendo responsável por 38% de todo o consumo de café no planeta, considerando o volume exportado e o que é vendido internamente.

Em 2014, que foi um ano difícil para as commodities brasileiras, o café despontou. Enquanto os principais produtos tiveram recuos nos volumes exportados pelo Porto de Santos (como açúcar, carnes, milho, sucos cítricos) ou pequeno crescimento (soja), o embarque de café em grãos aumentou 38%. Em 2014 foi registrado o recorde histórico em volume exportado do produto no País, com mais de 36 milhões de sacas de 60kg, proporcionando uma receita de US$ 6,576 bilhões, 26% maior do que em 2013.

Santos é, sem dúvida, o grande porto do café brasileiro. Nele foi embarcado, em 2014, 79,1% do total exportado, número que cresceu mais de 20% em relação ao ano anterior, demonstrando a importância estratégica do complexo portuário santista para a exportação do produto. Para a pauta exportadora brasileira, o café segue com destaque. Não é, evidentemente, o principal produto embarcado (em 2014 sua participação nas exportações totais do País foi de 2,9%, representando 6,6% do agronegócio), mas ainda assim relevante.

E o Brasil tem se mostrado cada vez mais qualificado nas questões técnicas de plantio e cultivo (com crescimento da produtividade e qualidade), na pesquisa e na capacidade de venda no mercado internacional. Abrem-se ainda oportunidades crescentes para os cafés diferenciados (gourmet), que representaram 22% das exportações. O desafio é agregar valor ao café, como fazem vários países do mundo.

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