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Semana perdida para os negócios de café
por Carvalhaes:
Chuvas mais intensas sobre parte das regiões produtoras de café do sudeste brasileiro e a intensificação na ICE Futures US da rolagem para maio dos contratos de café com vencimento em março próximo, antes do início de entrega física na ICE Futures US, derrubaram forte a cotação do café em Nova Iorque. No mercado físico brasileiro, com os feriados de carnaval, tivemos na prática dois dias úteis apenas. Na quinta-feira (19) e sexta-feira (20). Os compradores tentaram repassar para os preços do físico a queda na ICE e os vendedores recuaram, retirando seus lotes do mercado.
Consideramos as quedas em Nova Iorque puramente especulativas. Nas regiões em que foram boas, as chuvas apenas ficaram ao redor da média histórica de fevereiro. Chegam tarde para evitar queda de “chumbinhos” e serão úteis para fazerem crescer os frutos que estão nas arvores. Se as chuvas continuarem até o final do período de chuvas de verão, evitarão perdas catastróficas, mas não farão a safra voltar ao normal, com o “aparecimento mágico” de novos frutos. Grande parte de nossos cafezais está enfraquecido e danificado pela forte e histórica estiagem de 2014 e pelo veranico de janeiro deste ano. Com as altas temperaturas médias deste verão, os agrônomos relatam folhas queimadas, perda de chumbinhos e desenvolvimento de internódios abaixo do normal.
Fundos com interesses especulativos de curto prazo derrubam as cotações sem se importarem com os prejuízos que levam aos cafeicultores em todo o mundo. Os cafeicultores brasileiros mostram-se irritados com os baixos preços oferecidos por seus lotes e se perguntam se vale a pena continuar acreditando na produção de café. Se com estoques baixos e duas safras prejudicadas por mudanças climáticas os compradores derrubam as bolsas com essa violência, para onde os preços do café verde irão quando o clima se estabilizar e a produção voltar ao normal?
Isso acontece com o consumo mundial em alta, novos países se tornando importantes consumidores e novas cafeterias sendo abertas aos milhares. Os negócios de café crescem e vão muito bem em todo o mundo, gerando lucros e estimulando o aparecimento de novos consumidores, novos modos de preparação (como as cápsulas) e novas redes de cafeterias.
Os produtores assistem esse crescimento e têm de se contentar com preços baixos que para muitos mal cobrem os custos diretos de produção. Os cafeicultores brasileiros são os responsáveis por quase quarenta por cento de todo o café consumido no mundo e suas lideranças precisam se conscientizar que não é possível continuar aceitando que alguns poucos grupos fortemente capitalizados continuem se apropriando de grande parte da riqueza produzida por milhares de cafeicultores brasileiros. Sabemos que não é fácil mudar, mas alguma coisa tem de ser feita.
A tecnologia da informação globalizou a economia mundial e mudou completamente a atuação dos grandes grupos econômicos. Eles contam com os melhores matemáticos e computadores de última geração, tornando desigual a disputa nas bolsas de futuro. O que interessa agora são as rápidas operações de curto prazo, enquanto os produtores têm de olhar anos à frente. A riqueza está se concentrando em poucas mãos que detém um poder de negociação cada vez maior.
A “Green Coffee Association” divulgou que os estoques americanos de café verde totalizaram 5.308.000 em 31 de janeiro de 2015. Uma baixa de 216.964 sacas em relação às 5.524.964 sacas existentes em 31 de dezembro de 2014.
Até o dia 20, os embarques de fevereiro estavam em 1.320.047 sacas de café arábica, 107.518 sacas de café conillon, mais 77.139 sacas de café solúvel, totalizando 1.504.704 sacas embarcadas, contra 1.414.005 sacas no mesmo dia de janeiro. Até o dia 20, os pedidos de emissão de certificados de origem para embarque em fevereiro totalizavam 1.862.289 sacas, contra 2.045.601 sacas no mesmo dia do mês anterior.
A bolsa de Nova Iorque – ICE, do fechamento do dia 13, sexta-feira, até o fechamento de sexta-feira, dia 20, caiu nos contratos para entrega em março próximo, 1455 pontos ou US$ 19,24 (R$ 55,27) por saca. Em reais, as cotações para entrega em março próximo na ICE fecharam no dia 13 a R$ 612,02 por saca e dia 20, a R$ 564,73 por saca.
Na sexta, dia 20, nos contratos para entrega em maio a bolsa de Nova Iorque fechou com alta de 25 pontos.
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