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Setor cafeeiro mantém foco em emergentes
por DCI:
Embarques devem diminuir 3% neste ano, mas faturamento pode ser compensado por aumento nos preços e fluxo cambial; temor está no baixo nível de estoque de passagem, de 4 mi de sacas.
A diminuição na oferta de café brasileiro e o baixo patamar de estoques de passagem embasam a perspectiva de queda de um milhão de sacas nas exportações do setor este ano, uma redução de 3% em relação ao resultado de 2014.
Mesmo assim, com o consumo em crescimento gradual, a estratégia para alavancar a receita está nos mercados emergentes.
Coreia do Sul, Rússia, Índia, Indonésia e, principalmente, China, junto aos demais países em ascensão, somam 27 bilhões de sacas na demanda pelo grão, enquanto os mercados chamados “tradicionais” – Estados Unidos, União Europeia e Japão – consomem cerca de 74 bilhões de sacas.
“Não haverá volume suficiente para enviar às exportações a ponto de superar o volume de 2014, isso faz com que o produtor seja mais competente, aumente em produtividade e busque importadores onde há espaço para crescer”, afirma o diretor geral do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (CeCafé), Guilherme Braga.
Durante o 6° Fórum Coffee & Dinner, promovido no dia 19 pelo CeCafé, o diretor executivo da Organização Internacional do Café (OIC), Robério Silva, disse ao DCI que o consumo nos países tradicionais têm se mantido praticamente estável com avanços entre 1,5% e 2% ao ano. Em contrapartida, os emergentes e produtores têm expandido em 2,5% ao ano a demanda pela bebida. Para ele, mesmo que haja perda no volume embarcado este ano, trata-se de um “ajuste” que pode ser recuperado em 2016.
Rentabilidade
Com o consumo externo e interno caminhando para uma crescente – ao partir do pressuposto que o Brasil está incluso entre os emergentes – e a produção com tendência de queda, já é possível projetar expansão para os preços da commodity, incrementados pelo dólar alto.
“Trabalhamos com a possibilidade de o faturamento crescer mesmo diante de um cenário de volume embarcado menor, algo que já aconteceu no ano passado após os prejuízos climáticos pelos quais a safra brasileira passou”, explica o analista do departamento de pesquisa e análise setorial do Rabobank, Jefferson Carvalho.
De acordo com o Indicador Café Arábica Cepea/Esalq, do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), a saca de café de 60 quilos encerrou ontem cotada a US$ 141,92, ou R$ 431,29, queda de 1% na variação mensal.
O executivo do CeCafé também enxerga um horizonte melhor para os valores praticados pelo mercado e lembra que nos últimos dez meses houve uma redução gradual em torno de 30% nos preços – apesar de ainda serem considerados altos. O segmento faturou US$ 6,5 bilhões no ano passado, contra US$ 5,2 bilhões registrados em 2013.
“Exportamos 80% do grão que recebemos e acho que há espaço para ganho de preço”, concorda o presidente da Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé (Cooxupé), Carlos Alberto Paulino.
Independentemente do número da safra, a variação de estoque do Brasil é uma das preocupações do setor. Dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) projetam quatro milhões de sacas para os estoques de passagem do Brasil. “Um número baixíssimo. Estamos com oferta reduzida e estoque também, algo que não será recomposto facilmente, mesmo que a safra do ano que vem seja muito cheia”, lembra Carvalho.
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