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Sette: quando assumi, deixei de ser brasileiro para ser servidor internacional

por Agência Estado:

O novo diretor-executivo da Organização Internacional do Café (OIC), José Sette, informou que o anglo-canadense Sean Garden deve ser efetivado como o novo chefe de Finanças e Administração da entidade, que tem sede em Londres. Garden já vem atuando como interino desde que o antecessor se aposentou no início deste ano. “Estou finalizando o processo de consultas (aos demais membros da OIC) para efetivar Garden”, disse com exclusividade ao Broadcast.

Em relação à vaga de chefe de Operações, que também está aberta desde o fim do ano passado, o executivo informou que ontem a OIC abriu um processo público de recrutamento para o cargo. O prazo para o envio de currículos é de um mês e meio. “Depois disso, vamos escolher alguém o mais rápido possível”, afirmou.

Sette conversou com a reportagem do Broadcast na sede da Embaixada brasileira na capital britânica, após discurso em cerimônia de apresentação, organizada pela Representação Permanente do Brasil junto às Organizações Internacionais em Londres (Rebraslon). Ele foi escolhido para o comando da OIC em 17 de março e começou a trabalhar no dia 2 de maio. O processo inicialmente teve nove candidatos, mas mais uma vez a liderança coube ao Brasil, maior produtor e exportador mundial da commodity.

“Como eu disse no dia que eu fui selecionado, depois disso, eu não sou mais brasileiro, mas um servidor internacional”, reforçou, num curto discurso. Depois, ao Broadcast, insistiu: “Eu não posso ser bairrista”. Apesar da escolha de Sette, apontado como o mais preparado para a vaga entre os que disputavam o cargo, os demais membros da OIC deixaram claro que estavam descontentes com a proeminência brasileira na atuação da entidade.

Durante o seu pronunciamento de apresentação na Embaixada, ele afirmou que o café é uma ferramenta importante para o desenvolvimento social, para a geração de empregos, para a segurança alimentar e para o enriquecimento das nações. “Acho que a OIC tem um relevante papel a desempenhar nessas áreas.”

Ainda durante sua fala pública, ele comentou do prazer de voltar â instituição em que trabalhou durante um ano como diretor-executivo interino, de outubro de 2010 até o mesmo mês de 2011. “O café foi o meu primeiro amor, mas eu trabalhei nos últimos anos com uma perspectiva diferente, na área de algodão, e isso me fez entender melhor o desafio das commodities agrícolas como um todo”, disse. O executivo fez carreira como trader e em associações privadas do setor e, antes de pleitear o cargo na OIC, o carioca trabalhava como diretor-executivo da International Cotton Advisory Committee (Icac), associação do setor de algodão, em Washington. Ele ficará à frente da OIC pelos próximos cinco anos.

Sette prestou uma homenagem ao também brasileiro Robério Silva, que comandava a entidade até o fim do ano passado, quando faleceu, vítima de um problema cardíaco. “Eu não esperava retornar, mas vida é uma surpresa e as coisas mudam.”

Desde que assumiu, o novo diretor teve reuniões com embaixadores e representantes de 22 países. Ele também visitou o diretor-geral da Organização Mundial do Comércio, o brasileiro Roberto Azevêdo, e o Secretário-Geral da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad) Mukhisa Kituyi, ambos em Genebra. “Os desafios são grandes, mas faz parte do pacote. Daqui a nove dias, embarco para a Colômbia para participar de um fórum mundial de produtores de café e daí em diante o volume de viagens será ainda maior”, previu. Ele acrescentou que os membros da OIC gostam que o diretor-executivo da entidade dê atenção e esteja em todos os eventos possíveis da área.

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