A longa estiagem tem tomado espaço nas rodas de conversas e nas notícias diárias. Não por acaso, o enfrentamento das mudanças climáticas e disponibilidade hídrica no agronegócio será o tema do Terças do Agro nesta terça-feira, 19 de outubro de 2021, das 10h às 12h. O evento, realizado pelas unidades da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de SP, reunirá 14 especialistas de diversas áreas do agronegócio. Duas pesquisadoras do Instituto Agronômico (IAC) estarão no time de palestrantes: Regina Célia de Matos Pires e Angelica Prela Pantano. As cientistas trarão informações sobre os desafios da produção agrícola sustentável, com foco nas culturas de citros, cana e café. O Terças do Agro é transmitido ao vivo no YouTube da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo – https://www.youtube.com/agriculturasp. As inscrições devem ser feitas em https://icorpsbrasil.com.br/eventos/.

Regina irá abordar tecnologias que promovem o uso sustentável dos recursos hídricos na citricultura e na cana-de-açúcar, além de reuso e estratégias para manejo da água. Quanto maior a estiagem, mais esses conhecimentos precisam ser valorizados e divulgados.

As pesquisas realizadas também abordam o monitoramento de número de horas de frio e a intensidade do déficit hídrico para início das irrigações e promoção de floração em citros. “Esta tecnologia é importante para planejamento, aumento de produtividade e redução do uso da água em laranjeiras”, resume.

O Instituto Agronômico vem desenvolvendo pesquisas direcionadas às estratégias para manejo de irrigação, economia de água, florescimento e pegamento de frutos citrícolas. “O manejo recomendado pelo IAC visa definir o início da irrigação na citricultura para favorecer o florescimento das plantas, o pegamento de frutos e, consequentemente, a produtividade. Isso porque a seca intensa e as elevadas temperaturas têm reflexos diretos sobre a floração e pegamento dos frutos”, explica.

Para definir essa estratégia, os pesquisadores do IAC consideram a evapotranspiração, o coeficiente de cultivo, o volume chuvas, o monitoramento de água no solo e do estado hídrico das plantas, além de radiação, temperatura, velocidade do vento e umidade relativa do ar. Também são considerados o número de horas de frio abaixo de 13°C. “Antes do início das irrigações, avaliamos os déficits hídricos e o potencial de água nos ramos”, explica a cientista.

Nos estudos, foram observados ganhos de produtividade média de 25% com variações anuais chegando a 89%. Esses desempenhos foram obtidos com irrigação de 80% e de 50% da demanda da planta, isto é, redução de 20% na utilização da água. Esses dados foram observados em experimentos nas regiões Norte e Sudoeste do Estado de São Paulo, respectivamente. O IAC conduz experimentos em irrigação em diversas regiões citrícolas paulistas e as informações obtidas direcionam as estratégias de manejo para eficiência no uso do recurso hídrico, com manutenção da produtividade.
De acordo com Regina, é importante ressaltar que economia de 20% e de 50% uso da água é extremamente importante nos dias atuais e tende a ser cada vez mais.

“No cultivo da cana-de-açúcar, as pesquisas têm focado em estratégias que visam a economia no uso da água, nos diferentes sistemas de produção e manejo da lavoura, desde a produção de Mudas Pré-brotadas (MPB), transplantio das mudas, MEIOSI, irrigação de salvamento, plena ou deficitária”, explica.

Boletins agrometerológicos mensais para o cafeeiro

A pesquisadora Angelica Prela Pantano irá apresentar os boletins agrometerológicos mensais direcionados às regiões produtoras de café do estado de São Paulo. “Nesses boletins falamos das condições climáticas observadas no mês corrente, incluindo temperaturas, chuvas, eventos extremos, condições de umidade do solo e possíveis danos nas lavouras”, comenta. Essas informações são geradas e interpretadas por meio de balanço hídrico. O IAC também disponibiliza, em parceria com a empresa Rural Clima, as previsões climáticas para o mês seguinte.

“Em setembro as análises ainda mostram déficit hídrico em todas as regiões cafeicultoras paulistas, com destaque especial para as áreas que foram afetadas pelas geadas e seca”, afirma Angelica.

Os cafezais paulistas, que aguardaram as primeiras chuvas ocorridas nos primeiros dez dias de outubro, estão em condição de florescimento. “De acordo com as previsões, em outubro teremos o retorno das chuvas, o que dará condições para a florada principal e pegamento dos frutos”, comenta.

Desde janeiro deste ano, quando tiveram início esses boletins, duas edições tiveram maior destaque: a de julho, em função da ocorrência de geadas, e a de outubro, devido à volta das chuvas e floradas do café. Essas informações referentes ao presente mês serão veiculadas na edição de novembro. Os boletins são disponibilizados até o dia 5 de cada mês, com acesso gratuito no www.clima.iac.sp.gov.br.

A elaboração e divulgação dos boletins fazem parte do projeto de Monitoramento climático de regiões cafeeiras paulistas, financiado pelo Consórcio Café.

As duas tecnologias que serão apresentadas pelas pesquisadoras do IAC no Terças do Agro constituem entregas tecnológicas do IAC no programa do Governo do Estado de São Paulo. Até 2022, os seis Institutos e 11 Polos Regionais de pesquisas ligados à Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), da Secretaria, disponibilizarão 150 tecnologias a todas as cadeias de produção do agro. Neste ano, a meta é disponibilizar 50 tecnologias na área de agricultura, pecuária, pesca e aquicultura, economia, processamento de alimentos e sanidade.

O que são as Terças do Agro

O evento online Terças do Agro é uma iniciativa conjunta dos Institutos de Pesquisa e Polos Regionais da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócio (APTA), da Secretaria e Agricultura, e do Instituto iCorps Brasil. “As Terças do Agro têm agregado esforços para a realização de debates de temas estratégicos voltados ao agronegócio brasileiro. Reúnem especialistas das Instituições de Pesquisa da Secretaria de Agricultura, das empresas com forte atuação no setor e das novas empresas nascentes de base tecnológica”, afirma Lilian Cristina Anefalos, pesquisadora do IAC e uma das organizadoras da série.

O Terças do Agro teve início em junho, completando este mês as cinco edições previstas para 2021, com participação dos Núcleos de Inovação Tecnológica e dos Centros de Programação de Pesquisa dos Institutos de pesquisa da Secretaria de Agricultura e Abastecimento. Em 2022, haverá continuidade.