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Temporais fora de época afetam safra de café na região de Ribeirão Preto
Temporais fora de época afetam safra de café na região de Ribeirão Preto
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Temporais fora de época afetam safra de café na região de Ribeirão Preto

por G1 Ribeirão e Franca: Produtores de café na região de Ribeirão Preto (SP) reclamam que as chuvas dos últimos dias comprometeram os frutos e devem prejudicar a safra. Os temporais derrubaram boa parte dos grãos no solo, o que dificultará a colheita e afetará a qualidade do produto final. “Café no chão é prejuízo. Nós temos três agravantes: a interrupção da colheita, um custo maior nela, porque vou precisar de mão-de-obra especializada, e mais tarde, se persistir a umidade, complicações na qualidade”, diz o produtor Gilmar Berlese, de Brodowski (SP). Desde a última segunda-feira (30), a cidade registrou 66,2 milímetros de chuva, enquanto no mesmo período do ano passado o índice havia sido de 4,6 milímetros, segundo dados do Centro Integrado de Informações Agrometeorológicas de São Paulo (Ciiagro). Berlese afirma que só na última quarta-feira (1º), quando o índice pluviométrico foi de 25,4 milímetros, 30% dos grãos foram derrubados no solo molhado. Ao todo, a propriedade tem 250 mil pés e, devido à queda do fruto, a colheita precisará ser feita manualmente. "Aumenta o custo de colheita, aumenta o custo de secagem e lavagem, todo o processo para deixar esse café em boas condições de uso. Isso vai refletir no custo final. Em uma conta rápida, eu acho que ele deve encarecer mais de 50%", diz Berlese. O irmão dele, o cafeicultor Luis Carlos Berlese, destaca que mesmo com todos os cuidados da colheita manual, para aproveitar ao máximo os grãos que caíram dos pés, a qualidade do produto final não será a mesma. "Um dia só de sol não resolve o problema. Só depois de uma semana começa a resolver um pouco os problemas, para enxurgar o solo e colocar os maquinários para trabalhar. A terra está um barro, não separa terra do café, não separa folha, não separa nada" ,diz. Secagem Na propriedade do cafeicultor Dimas Fernando Adami, o café que já foi colhido está no terreiro para secar. Entretanto, em vez de ficarem espalhados, como geralmente ocorre, os grãos estão amontoados. Dessa forma, em caso de chuva, é mais fácil cobrir com uma lona. O problema é que, mesmo protegido, o café é prejudicado pela umidade. A solução então é colocar tudo em um secador mecanizado. Os grãos ficam na máquina por até quatro dias em temperatura que chega a 100 ºC. "Encarece muito, porque o secador não pode parar. A gente, às vezes, tem que tocar 24 horas, quatro dias, e gasta muita energia e muita madeira para poder aquecer. É um produto bem mais caro no final", explica. O resultado desse cenário é que, apesar da produtividade maior em relação aos últimos dois anos, quando a região de Ribeirão Preto registrou estiagem histórica, o café deve sair das lavouras por um preço mais elevado. "Por enquanto, a gente está no período de colheita e o café ainda vão chegar beneficiado no finalzinho de junho, começo de julho. Com isso, a gente fica sem saber um valor real ainda. Mas, já dá para adiantar que a mão de obra vai ficar mais cara", afirma Adami.