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Trump surpreende e é eleito presidente dos Estados Unidos

por O Estado de São Paulo:

Mercados reagem à apuração com queda de bolsas e moedas

NOVA YORK – O candidato republicano à presidência dos Estados Unidos, o magnata Donald Trump, surpreendeu a maioria dos prognósticos e foi eleito o 45º presidente do país na madrugada desta quarta-feira, 9. Ele contou com um bom desempenho em Estados-chave como Flórida e Ohio e vitórias surpreendentes em Michigan e Wisconsin para tirar os democratas da presidência. De acordo com projeções às 5h30, Trump conquistou o Estado de Wisconsin chegando a 276 delegados – 6 a mais do que os 270 necessários para ser eleito – contra 218 de Hillary.

Pouco antes da confirmação da eleição de Trump o diretor de campanha de Hillary Clinton, John Podesta, discursou para os apoiadores da democrata que acompanhavam a apuração no QG montado pelo partido em Manhattan e afirmou que ela não faria nenhum discurso nesta madrugada, adiando para quarta-feira o reconhecimento da derrota.  “Não teremos nada para dizer nesta noite (madrugada de quarta-feira no Brasil). Então me escutem: todos deveriam ir para casa e dormir. Teremos mais para falar amanhã”, disse Podesta.

O resultado da eleição deve provocar profunda mudanças nos Estados Unidos. Ao longo da campanha, sob o lema de “fazer a América grande outra vez”, o magnata prometeu construir um muro na fronteira com o México, expulsar imigrantes ilegais e proibir a entrada de muçulmanos nos Estados Unidos.

Além disso, Trump se mostrou favorável a isolar os Estados Unidos no cenário global, dando às costas a acordos comerciais e parcerias militares como a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). Apesar disso, o candidato se mostrou favorável a uma reaproximação com a Rússia de Vladimir Putin.

Ao longo da campanha, Trump recebeu apoio de ícones da extrema direita americana, como David Duke – ligado à Ku Klux Klan, entidade racista do sul dos EUA – e a milícias de extrema direita.  O candidato também prometeu prender Hillary caso assuma a Casa Branca.

Com discursos centrados nas frustrações e inseguranças dos americanos num mundo em mutação, tornou-se a voz da mudança para milhões deles. E ele fez explodir um Partido Republicano com dificuldades para entender seus eleitores e incapaz de encontrar um modo de parar o tornado Trump.

Reuters: Trump e Congresso dos EUA estarão em sincronia em algumas questões, mas longo prazo será desafiador

Por Susan Cornwell e Richard Cowan

WASHINGTON (Reuters) – O republicano Donald Trump, eleito presidente dos Estados Unidos na terça-feira, terá maioria republicana nas duas Casas do Congresso quando assumir em janeiro e uma provável lua de mel inicial no Capitólio em diversos assuntos, mas um romance a longo prazo deve ser mais desafiador.

Sob circunstâncias normais, um presidente cujo partido controla o Senado e a Câmara dos Deputados pode contar que as coisas sejam feitas com maior rapidez e Trump não será uma exceção, mas ele terá um início com circunstâncias incomuns.

Muitos colegas republicanos no Congresso só apoiaram Trump após ele se tornar o candidato do partido. Alguns não chegaram a apoiar. Ele ofendeu e atacou alguns deles na campanha, incluindo o presidente da Câmara dos Deputados, Paul Ryan.

Além disso, o empresário de Nova York e ex-celebridade de reality show, que irá comandar o governo mais poderoso e maior economia do mundo, não possui experiência de governo.

“O presidente Ryan ligou para Donald Trump mais cedo nesta noite e os dois tiveram uma boa conversa. O presidente parabenizou Trump”, disse a porta-voz de Ryan, Ashlee Stronge.

Trump e a liderança republicana no Congresso concordam em ao menos uma grande mudança política: eles querem revogar a lei de saúde do presidente democrata Barack Obama, conhecida como Obamacare, decretada em 2010.

“Entendo que a primeira coisa que um Congresso republicano irá fazer é revogar o Obamacare”, disse o deputado republicano de Oklahoma, Tom Cole, aliado de Ryan, em entrevista na segunda-feira.

Tal medida afetaria o sistema de saúde norte-americano e o setor de seguros, que têm amplamente pedido reformas parciais no Obamacare, embora não seja uma rejeição completa.

Além de acabar com o Obamacare, Trump em geral possui a mesma posição de republicanos no Congresso ao pedir maiores cortes de impostos, incluindo aqueles para os ricos, embora detalhes para os planos não sejam iguais.

Trump pediu um corte para 15 por cento na alíquota do Imposto de Renda das empresas norte-americanas, ante os 35 por cento atuais; o plano proposto por Ryan prevê corte para 20 por cento.

A incerteza sobre o desfecho das eleições presidenciais americana agitou os investidores em torno do mundo

Mercados financeiros globais sofreram uma grande queda na noite desta terça-feira, 8, à medida que os primeiros resultados da apuração mostravam uma inesperada dianteira de Donald Trump na corrida pela Casa Branca.

Em Wall Street, os títulos futuros da Dow Jones Industrial Average caíram mais de 400 pontos, ou cerca de 2%. O índice Standard & Poors de 500 ações afundou 63 pontos, enquanto o Nasdaq caiu mais de 100 pontos.

A incerteza sobre o desfecho de uma das mais contenciosas eleições presidenciais da história moderna agitou os investidores em torno do mundo.

O índice Nikkei do Japão despencou 382 pontos, ou mais de 2%, enquanto o indicador Hang Seng, de Hong Kong, perdeu mais de 600 pontos, ou mais de 2,5%.

Enquanto isso, o peso mexicano – que já caíra quando o indicado republicano subiu nas pesquisas durante a campanha – mergulhava na maior baixa em oito anos, segundo a Bloomberg.

“Os primeiros resultados mostram uma disputa muito apertada, mais apertada do que o mercado esperava”, disse Trevor Charsley, consultor de mercado da empresa de serviços financeiros Afex. “Com a Flórida e outros Estados-chave pendendo para Trump, podemos ter uma volatilidade real pela frente.

Conheça as propostas vencedoras de Trump

Seu plano principal para diminuir o desemprego está diretamente ligado ao corte de impostos, fator que define como principal para criar postos de trabalho. Não pretende aumentar o salário mínimo e defende que os Estados tenham liberdade para o fazer, se assim desejarem. Sobre a licença maternidade, apoia a ausência paga de seis semanas apenas para mães.

POLITICA EXTERNA

“Eu acredito que um alívio das tensões e melhoria nas relações com a Rússia é absolutamente possível. Alguns dizem que os russos não serão coerentes. Pretendo descobrir”

Trump quer uma relação mais próxima com a Rússia e já elogiou o presidente Vladimir Putin, razão para críticas dos democratas. Inclusive, discorda que o país esteja envolvido no vazamento de e-mails democratas. Também considera repensar o papel na OTAN, que acredita estar “custando caro” para os EUA, e pretenderenegociar o acordo nuclear com o Irã. O republicano concorda com o fim do embargo à Cuba, mas diz que Obama deveria ter negociado um acordo melhor.

EMPREGO

“Quando o México manda suas pessoas, não estão mandando o seu melhor. Enviam gente que tem muitos problemas e que trazem isso com eles. Eles estão trazendo drogas, crime, são estupradores”

A prinicipal proposta de Trump é aconstrução de um muro na fronteira com o México, pago pelo país vizinho. Também promete uma força-tarefa para expulsar os imigrantes ilegais do país, priorizando a retirada de pelo menos 5 milhões dos 11 milhões que vivem nos EUA. Planeja ainda suspender a imigração de áreas do mundo onde há um histórico comprovado de terrorismo.

“O crescimento do EI é resultado direto de decisões políticas feitas pelo presidente Obama e a secretária Clinton”

Trump propõe maiores gastos com o exército e insiste que não irá mostrar um plano detalhado de combate ao EI, pois isso entregaria o ‘elemento surpresa’ de sua estratégia aos extremistas. Entre os poucos planos divulgados está bombadear postos de petróleo controlados pelo grupo e trabalhar em uma estratégia conjunta com outros países, inclusive a Rússia. Também écontrário a receber um número maior de refugiados nos EUA, uma proposta de Hillary.

“Eu vou colocar os criminosos atrás das grades e garantir que cidadãos que obedecem as leis tenham direito à autodefesa”

Menos restrições no porte de armas e maior rapidez no processo de aquisição.Também é contrário a banir armas automáticas e quer abolir áreas livres de armamento, como escolas e bases militares. Trump é, inclusive, apoiado pela NRA (Associação Nacional de Rifles), a mais importante organização de defensores da Segunda Emenda.

“No primeiro dia da administração Trump, pediremos ao Congresso uma revogação completa do Obamacare”

Quer banir o Obamacare e trazer uma nova solução para o sistema de saúde, focada no princípio do livre comércio das empresas de seguros privadas. Segundo Trump, isso permite maior competição, qualidade e preços menores.

“Eu sou pró-vida. Originalmente, eu era a favor da escolha, mas evoluí”

Defende que o aborto deve ser ilegal(exceto em caso de estupro, incesto ou quando a vida da mulher está em perigo) e que as mulheres devem ser punidas pelo ato. Abertamente, apontou juízes para a Suprema Corte que seguem essa linha de pensamento.

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